Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

O Atlético campeão

24/02/2007


Fim de semana, ressaca do carnaval aos poucos sendo esquecida, novas expectativas se aproximando e, entre elas, a maior de todas, a Copa do Brasil. Nada, mas nada mesmo que esteja tão longe do alcance das nossas mãos. Pensei, repensei, li alguns comentários, observei a tabela, uma, duas, três vezes. Revisei, atentamente, as últimas escalações do time do Atlético, de cabo a rabo, do primeiro titular ao último suplente. Concluí, sem receios: o Atlético será campeão da Copa do Brasil!

Não, não me venham com essa de excesso de otimismo, não cola mais! Eu gosto de expor sempre os meus dois pontos de vista, o sentimental e o técnico. Pra quem me conhece, sabe que grande parte do meu lado sentimental prevalece, seja diante de uma grande conquista do Atlético, seja diante de um tormento. Contra o Adap Galo, não gostei do que vi, saí da Baixada pensativo, um pouco furioso pela apresentação do time, mas não deu tempo nem de chegar até a esquina da Buenos Aires com a Getúlio Vargas, e já estava eu feliz outra vez. O tempo, o tempo nos ajudará, pensava. Portanto, meu lado sentimental é uma beleza, mais Rubro-Negro do que nunca!

Certo, vamos ao aspecto técnico, tático, etc. Primeiramente serei objetivo, direto. De todos os jogadores do atual elenco do Atlético, não confio em apenas um: Cristian. Não apenas pela falta de qualidade, pelos erros infantis, pela ausência de velocidade, característica que considero essencial a um jogador de meia cancha, mas pela falta de vontade, falta de “desejo em ser melhor.” Não sei até que ponto o cara, quando é fraco, pode melhorar seu rendimento. Cristian, ao meu ver um Rodriguinho na versão 2007, naturalmente é ruim. Isso mesmo, é de sua natureza. Não tem jeito. Cansei dele, assim como cansei do Rodriguinho, assim como estava quase cansando da insistência de Vadão em dar murro em ponta de faca. Vadão já sabia disso, só precisava bater o martelo. Bateu em Campo Grande, contra o Coxim, e deu certo. Sorte dele, sorte minha, sorte sua e sorte do Atlético. Evandro é absoluto na posição, e não se fala mais nisso.

Mais um pouco do aspecto técnico. Não estamos bem de alas, mas são dois jogadores que surpreendem, ou podem surpreender. Michel não tem jogado bem, mas esse sim, pode melhorar, já provou isso. Jancarlos é uma incerteza, sempre. Quando vai mal, destrói (no pior dos sentidos) a direita do Atlético, quando vai bem, joga demais! É uma peça importante (ainda) do time. Ambos, Jan e Michel, precisam dedicar um tempo dos treinamentos para a marcação. Sabem disso e precisam de humildade pra ficar uma, duas, três horas “aprendendo” como se faz para marcar um adversário.

Gosto demais do meio campo do Atlético. Alan Bahia, Ferreira e Evandro são os nomes da vez. Temos ainda duas boas opções: Válber e Netinho. Válber, quando abraçar a posição, não sairá mais, e Netinho pode ficar apenas como uma boa opção. Tá bom assim. Sem Cristian, por favor, como combinamos. Certo, Vadão? Certo.

O ataque do Atlético vai dar o que falar. Deixa só o Denis fazer as pazes com a impaciente, intolerante e corneteira torcida do Atlético, e todos terão novamente, a mesma certeza de 2004. Denis joga muito. Observem, quando puderem, a movimentação do Denis em campo. Ele é um cara inteligente, pelo menos é o que me transmite. Ninguém, nem no Atlético e nem em qualquer time deste planeta, jogou, joga ou jogará sozinho no ataque. É preciso de um apoio, é preciso de um companheiro, é preciso dividir um pedaço do bolo, de preferência, com um jogador tão bom quanto ele. Em 2007, Denis “ganhou” Alex Mineiro de presente. E Alex tem, além de sua excelente postura em campo e seu capricho técnico, Denis Marques. O Atlético é especialista em formação de duplas de ataque, já formou algumas que entraram para a história. A próxima será essa. Anotem: Denis e Alex.

Do lado de fora está Oswaldo Alvarez. Taí, também gosto deste profissional, eis mais um fato que não é segredo para ninguém. Tem gente que reclama até da postura séria ao extremo do Vadão. A estes, uma dica: pra quem gosta de técnico “mico”, comece a assistir os jogos da Portuguesa Londrinense. O cara é cômico. Vadão, como eu disse, sabe das coisas, mas precisa agir mais rápido diante de problemas. Se for pra mexer no time, que seja breve, não espere muito. Se for pra sacar um titular que não vai bem, que saque logo, não espere um, dois, três, quatro jogos. E se um atacante não joga sozinho, isolado, um técnico também não pode operar milagres sem material humano. Vadão tem este material, sabe que tem, cabe a ele ouvir mais a “crítica” e colocar a sua “segurança” em jogo. Já é hora, e daqui pra frente, esperar demais será prejuízo.

E este Atlético, este grande Atlético, este mesmo, será o campeão da Copa do Brasil.

A cena do mês

Segundo tempo do sofrido jogo entre Atlético e Adap. Jogo duro, difícil de assistir. Um reclama daqui, outro dali, e eu, prometendo a mim mesmo que não iria me irritar com os torcedores “xaropes”, lá do “meião” da Madre Maria superior, olho para baixo, quase na grade deste setor, e vejo uma cena que nunca imaginei que iria presenciar, pelo menos ali, na Kyocera Arena.

Um grupo de senhores, seis ou sete, numa “caxeta” ferrada. Do início ao fim do segundo tempo. Impressionante, fiquei abismado com a empolgação da velha geração no emocionante jogo de cartas. Verdade! Jogo de cartas em plena Baixada, durante o jogo do Atlético! Pasmo, olhei para o amigo da cadeira ao lado. Não é possível! Uma, duas, três fotos, tá registrado. Motivo de riso e uma cena no mínimo curiosa. E pra fechar: nem o golaço do Denis e o delírio do caldeirão foram suficientes para “atrapalhar” o jogaço da Madre Maria. Sensacional!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.