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Silvio Rauth Filho
Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.
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A maldita bola aérea
15/02/2007
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A fragilidade defensiva do Atlético na bola aérea virou manchete. E olha que demorou. Desde o início de 2006, o time vem sofrendo nesse tipo de jogada, mas só agora chegou a um ponto insuportável.
Há alguns motivos que explicam essa situação. O primeiro, na minha modesta opinião, é a falta de atenção e comprometimento dos laterais nesse tipo de lance. No Atletiba, por exemplo, foi Jancarlos quem ficou olhando o lateral Cruz Credo subir sozinho. Contra o Paranavaí, foi Nei que abandonou o jogador adversário, no meio da área, logo depois do escanteio. Contra o São Paulo, em 2006, no Morumbi, foi Michel que deixou Fabão ganhar a frente de Cléber e cabecear livremente. E há muitos outros exemplos.
A impressão é que esses jogadores não se sentem como “defensores”. Essa geração de “alas”, inspirada nos ofensivos Cafu e Roberto Carlos, parece fugir da responsabilidade de proteger a área. O que é um absurdo quando se joga no 4-4-2. Acreditar que dois zagueiros e um volante conseguem proteger um área inteira é apostar na derrota.
A situação fica ainda mais grave quando são lances de bola parada – faltas e escanteios. Nesse caso, os laterais não são os únicos culpados. E, em 2007, ainda não consegui identificar os principais responsáveis. Mas as falhas são grosseiras. Contra o Rio Branco, cinco atleticanos marcavam cinco adversários na área. No entanto, o tal Lúcio Flávio entrou de surpresa e ninguém acompanhou. Lances idênticos ocorreram contra o Londrina e o Cascavel. Ou seja, ou alguém está desobedecendo o técnico, ou o time está mal treinado.
Para evitar esse tipo de jogada, o time de 2004 adotava uma boa estratégia. Os melhores cabeceadores do time (Marcão, Rogério Corrêa, Marinho, Fabiano e Fernandinho) marcavam os adversários individualmente. Washington ficava na marca do pênalti, fazendo uma marcação por zona. Se alguém entrava de surpresa, o Coração Valente colava no sujeito.
Claro que, mesmo com todo esse cuidado, a equipe de 2004 levou alguns gols de cabeça e em jogadas de bola parada. Isso é inevitável. Afinal, as cobranças de falta e de escanteio sempre favorecem o ataque, que treinou aquela situação e já tem um posicionamento pré-determinado. A defesa, obviamente, não sabe o que adversário ensaiou e tenta se adaptar rapidamente ao lance. Além disso, o defensor encontra mais dificuldades, porque precisa observar o rival e a bola. Já o atacante só tem que se preocupar com o movimento da bola.
Toda essa dificuldade em defender é respaldada por uma estatística. Em palestra em 2006, Carlos Alberto Parreira afirmou que dois terços dos gols da Copa da Alemanha surgiram em lances de bola parada (pênaltis, escanteios, faltas cobradas diretas e faltas cruzadas na área).
No caso do Atlético, esse dado é preocupante. Já que há uma desproporção grande entre os gols sofridos e os marcados. É mais um abacaxi para Vadão descascar.
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