Bruno Rolim

Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da família. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.

 

 

Honra atleticana: a hora da vingança

10/02/2007


Dia 16 de abril de 1995. Domingo de Páscoa. No Couto Pereira, duas equipes enfraquecidas representando os dois maiores clubes de Curitiba, em um cenário dominado à época pelo terceiro clube da cidade. Era mais um Atletiba a movimentar a cidade. Mas o resultado final foi inesperado, até para o mais pessimista atleticano: uma derrota humilhante por 5 gols a 1, naquele que ficou conhecido como "Chocolate de Páscoa" coxa-branca.

Esta goleada, ao contrário do que se esperava, não matou o Atlético. Pelo contrário, foi o marco inicial de uma revolução dentro do clube. Uma nova diretoria, uma nova visão, um novo Atlético. Desde então, somente crescimento: ainda em 1995 a temporada foi salva com o título da Série B; em 1996 uma campanha memorável do time de Oséas e Paulo Rink - o Atlético surpreendia os então grandes; em 1999 a antiga Baixada foi substituída por uma moderna Arena; ainda em 1999 o Atlético se classificou para a Libertadores da América; dois anos depois, a maior glória do clube: o título brasileiro.

O Atlético começa a se firmar entre os grandes clubes de nosso país, com participações mais constantes na Libertadores, e brigando sempre pelas primeiras posições. Mas falta alguma coisa. A revolução precisa ser coroada, apenas um detalhe está faltando: a vingança.

Sim, a vingança. Desde os fatídicos 5x1, crescemos bastante, mas jamais conseguimos devolver a goleada. As duas goleadas aplicadas pelo Atlético no clássico, posteriores à revolução (5x2 no Paranaense de 1997 e 4x1 na Seletiva da Libertadores) foram frutos do acaso, em confrontos equilibrados - não eram equipes de nível tão diferentes a se enfrentar. O Coritiba apresentava bons times nestes dois anos. O Atlético precisa da cereja para completar a revolução. E a cereja seria uma goleada, um jogo histórico contra o Coritiba.

Não, não será fácil. Atletibas, como toda boa e grande rivalidade, são conhecidos pelo imponderável e pelos resultados inesperados - como foi, por exemplo, a vitória dos reservas rubro-negros no Atletiba do Brasileiro de 2005. Mas, desde quando comecei a acompanhar futebol, jamais vi Atlético e Coritiba separados por um espaço tão grande. É a primeira vez que um clássico tem favorito. Não podemos ser hipócritas e falar que o favoritismo é do Coritiba: a equipe deles é jovem ainda, está sendo formada - após mais um festival de contratações erradas por parte da diretoria deles. Estão sofrendo, como no jogo de quarta-feira - apesar de terem atribuído a culpa da derrota à cor da bola e à arbitragem, uma goleada para a ADAP não é algo justificável.

E, enquanto o Coritiba está se formando, o Atlético vem com uma base sólida de 2006, reforçada em setores carentes, como a defesa e o ataque. Uma pré-temporada bem elaborada, com os jogadores do grupo titular - enquanto o time B joga as partidas do Paranaense. Sintomático é perceber que, mesmo jogando sete das oito partidas do estadual com o time B, o Atlético está à frente do rival na tabela. O que isto quer dizer?

A hora da vingança: uma inspiração

Abaixo, um texto de autoria de Jorge Monteiro (jornalista, comentarista e titular do quadro “Histórias da bola” no programa Jogo Limpo da ALLTV, canal de TV via internet), falando sobre uma vingança clássica no estado do Rio de Janeiro:

"Em 1972 no campeonato Brasileiro, o Botafogo, que estava numa fase ótima, com um timaço comandado por Jairzinho enfrentou o Rubro Negro desmotivado pela má fase, o resultado disso, 6 a 0 inesquecível pra torcida botafoguense, com 3 gols do Furacão da Copa (com direito a gol de letra), nada mais desmoralizante para seu rival.

O Flamengo, ao longo dos anos depois da goleada engolia a seco as provocações do Fogão como por exemplo “Nós gostamos de voSeis” e isso machucou por demais a maior torcida do Brasil. Mas um jogador do Flamengo, jogador não, o maior ídolo do Rubro Negro, Zico, sempre nas entrevistas falava na vontade de vingar seu time dessa humilhação e foi a luta.

Eis, que 9 anos depois, mais detalhadamente no dia 08 de novembro de 1981, o Mengo enfrentaria seu rival com vários status, Campeão da Libertadores, finalista da Copa Intercontinental e do Campeonato Carioca, o time era o escrete da moda no país, e tinha o Galinho como astro, o Fogão era o inverso daquele de 1972, vivia anos de jejum sem títulos e contava com (pasmem) Jairzinho, quase com 40 anos.

O rubro negro foi fazendo, 1, 2, 3, 4, 5 e a torcida já estava na expectativa do sexto e foi o que aconteceu, 6 a 0, para delírio da torcida que se inflamou de tanta alegria, Zico comandou a goleada, com 2 gols e se sentiu vingado assim como a sua querida torcida.

No Rio, se valeu o antigo provérbio “assim se faz, assim se paga” e com certeza uma das histórias mais fascinantes do nosso futebol."


Que esta história sirva de inspiração para os guerreiros atleticanos que entrarão em campo. A estrelinha já conquistamos. Agora queremos a redenção da humilhação de 1995.


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