Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Rebeldes?

07/02/2007


O bizarro Campeonato Paranaense nos proporcionará a oportunidade de voltar a enfrentar o Coritiba, neste domingo na Kyocera Arena. Depois de uma temporada sem clássico entre os times principais (em 2006 teve goleada atleticana, mas em jogo entre os times B), enfim os tradicionais rivais do estado voltam a se enfrentar no campo.

Domingo fiquei sabendo que os verdes bateram o Paraná. Não assisti a partida, mas ouvi repercussões da vitória coritibana. Muitos estão eufóricos com as revelações que poderão reconduzi-los à primeira divisão do futebol nacional (pelo menos é o que o pessoal pensa e espera por lá). Tamanho entusiasmo já rendeu até apelido para a gurizada: os Rebeldes do Alto da Glória, numa atualização tosca dos Menudos do Morumbi, jovens são-paulinos que levaram o tricolor paulista ao título brasileiro de 1986, entre eles Muller e Silas.

As duas bandas citadas não me agradam nem um pouco, bem como o Coritiba e o São Paulo. Sequer tento conhecer suas músicas, pois é um estilo musical totalmente oposto àquele que eu gosto e ouço. Porém o apelido é justificável, já que são bandas de adolescentes e/ou feitas para este público. A torcida coxa deve ter identificado sua nova safra de jogadores aos espantosamente bem sucedidos Rebeldes. Além disso, faz um bom tempo que a torcida deles não comemora a descoberta de novos ídolos.

Do lado atleticano, sábado já tivemos uma prévia do que o time pode render nesta temporada, apesar do adversário fraquíssimo. Se a torcida rival adotou uma banda como comparação com seu time, podemos pensar em Alex Mineiro, Marcão e Ferreira como “artistas consagrados”. Alex Mineiro poderia ser comparado a Roger Waters, líder da legendária banda Pink Floyd (autora do clássico The Wall, com versão adaptada muito tocada em estádios paranaenses). O astro do rock que faz show em São Paulo no dia 24 de março, agora em carreira solo, conduziu um grupo de muito sucesso, da mesma forma que Alex Mineiro foi a estrela maior de um time fantástico, o Atlético de 2001.

Claro que nem sempre o favorito vence nos clássicos, bem como bandas teens às vezes aparecem mais na mídia que as consagradas bandas de rock. Inclusive, na ânsia de produzir notícias daquele que está na segunda divisão a dois anos, a imprensa exagerou nos elogios às recém descobertas "revelações" coritibanas. Porém, a diferença de qualidade é grande e no final das contas o sucesso será maior daqueles que tiverem mais talento. Alex Mineiro, novamente, não é um fenômeno passageiro, já comprovou seu potencial, foi o melhor do Brasileiro de 2001 e teve enorme participação na conquista nacional daquele ano. Enquanto isso, Marlos, que não conheço, tido como o melhor do rival, ainda tem muito a mostrar para comprovar que se tornará um grande jogador, não sendo apenas mais um entre tantos que tiveram sua ascensão tão rápida quanto sua queda no futebol brasileiro.

Assim como certamente acontecerá no futuro com a banda Rebeldes, este novo time do rival também poderá ser logo esquecido. Para isso basta a gurizada não agüentar a pressão e continuar na Série B. Já os artistas consagrados ficam um tempo sem aparecer, quando retornam com um novo álbum acabam fazendo sucesso e conquistando cada vez mais fãs. Quem sabe não seja este o ano disso acontecer pelo lado da Baixada. Enquanto nada é certo, tudo é possível, portanto vamos com calma, esperando que no domingo o Atlético consiga vencer com estilo, reafirmando a superioridade dos últimos anos.

Perguntar não ofende: será este o último jogo do Coritiba contra um time da primeira divisão no ano?


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