Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Volta aos tempos

28/01/2007


Acompanhar os jogos do Atlético no Paranaense 2007 está sendo uma espécie de volta ao tempo, em especial nas partidas fora de casa. Sem transmissões dos jogos atleticanos pela TV, resta-nos mergulhar nas ondas do rádio e fazer da imaginação uma companhia nos 90 minutos da partida.

Foi assim que eu me apaixonei pelo Atlético. Fim dos anos 80, início da década de 90, época em que era praticamente impossível ver o Furacão na Rede Globo – e quando sequer existia TV por assinatura e seus exclusivos canais esportivos. Talvez, o rádio ajudou a criar uma magia em torno do Atlético em minha cabeça. Porque escutar um jogo pelo rádio era quase que um ritual.

Cerca de 30 minutos antes de o jogo começar, meu pai ligava o radinho na cozinha para que pudéssemos ouvir a escalação dos times. E com o som de fundo do belíssimo hino atleticano, ouvia os setoristas falando um a um o nome dos nossos “craques”, que na minha imaginação seriam do nível de jogadores de seleção.

Nos 90 minutos de jogo, sentados um em cada ponta da mesa da cozinha, ouvíamos, concentradíssimos, todos os detalhes da partida. E numa época em que certamente o Atlético não jogava um futebol tão bonito, o rádio me fazia ter um Atlético quase-perfeito. Na minha imaginação de criança, com meus 7, 8 ou 9 anos, os gols do Atlético nunca eram simples golszinhos. Eram verdadeiras pinturas, todos golaços, que ganhariam fácil, fácil no “Gol do Fantástico”. Já os gols do adversário normalmente eram por erros grosseiros da arbitragem. Nunca, mas nunca mesmo, por falha de algum dos craques do Atlético – e, claro, impossível imaginar uma falha coletiva do time.

Foi assim que eu comecei a acompanhar o Atlético. Nos jogos em casa, ia ao Pinheirão com o encantamento da menina que se apaixonava cada vez mais pela força, o amor e a dedicação da torcida que sempre estava lá, empurrando no grito o time para as vitórias. E quando jogava fora, imaginava um verdadeiro timaço vestindo as cores vermelho e preta. Época em que o Atlético muito mais perdia do que vencia. Mas que para mim, quando perdia era porque a arbitragem roubava. E quando vencia, era simplesmente porque o Atlético era sim o melhor time do planeta.

Talvez, as transmissões no rádio tenham me ajudado a fazer do Atlético um time muito mais mágico, muito mais encantador. Afinal, ouvindo no rádio, eu imaginava cada uma das jogadas, com a certeza de que o hino que eu ouvia lá no começo, junto com a escalação, era uma espécie de lema: a camisa rubro-negra só se veste por amor!

Cascavel

Neste domingo, novamente jogamos contra um representante de Cascavel. Em 1991, vi minha primeira goleada ao vivo justamente contra um clube de Cascavel, o Cascavel Esporte Clube. 5 a 0, em outubro de 1991. Sensacional! Cheguei em casa quase sem voz de tanto gritar gol. E na escola, o assunto da semana foi um só: vencemos o time da cobra, somos bons demais!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.