Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Resgate

22/01/2007


Conquistar uma nova garota pode ser trabalhoso, difícil. Mas é muito mais difícil reconquista-la. Independente do motivo da separação, mostrar que as coisas mudaram, que agora é diferente, é um desafio e tanto!

Mudar de operadora de celular é fácil, elas quase se matam para conquistar novos clientes. Sabe-se lá como, mas o call center de determinada operadora consegue o número da rival, te liga, oferece mil vantagens a preços mais competitivos. Experimente falar com sua operadora atual falando ter sido “assediado” pela concorrente e vejam se eles não fazem tudo e mais um pouco para mantê-lo como cliente....

O Atlético precisa fazer esse reajuste de curso e reconquistar seu torcedor. Independente de posturas, maneiras de ser e de pensar e mesmo sendo frontalmente contrário à forma como o futebol atleticano tem sido administrado de uns anos para cá, admiro a figura do mandatário mor Mario Celso Petraglia. As mudanças, tanto físicas, de conquistas e até mesmo de mentalidade que este homem implantou no rubro-negro e por conseqüência no Brasil, são inestimáveis. Este homem fez o famoso “50 anos em 5” e hoje em dia precisa resgatar dentro de si aquele atleticano que sabemos que é.

Quantas vezes não ficamos de ouvido colado no radinho para ouvi-lo numa entrevista após um jogo? Quantos de nós não ficamos felizes ao saber de sua atitude enérgica, coisa de quem ama mesmo o clube como demitir o meia Jean Carlo logo após ele ter sido expulso naquela importante quarta-de-final no Brasileiro de 1996? E quem aqui não se matava de rir ao vê-lo ironizar o então presidente dos “coxas”, hoje mandatário do J. Malucelli dizendo que era melhor reformar o estádio do Alto da Glória, pois o mesmo estava balançando muito e iria cair?

Este homem precisa reaparecer. Atitudes impensadas, mas apaixonadas como a que teve ao ver o “bambi assassino” que quase quebrou Fabrício num jogo na Baixada. Um homem que sempre teve posições definidas, que assumiu um clube (clube? Éramos apenas um time!) falido e prometeu que nunca mais seríamos humilhados como naquela Páscoa de 1995. Este homem que liderou todas as grandes conquistas jamais sozinho, friso, mas que esteve sempre a frente de nossos maiores títulos tem que ser resgatado.

E a partir daí, temos que resgatar o torcedor atleticano. Um torcedor que hoje é triste, cabisbaixo, desmotivado e sem esperanças. Um torcedor que sempre foi motivo de orgulho, foi usado como peça publicitária do próprio clube e hoje não reúne sequer condições financeiras de adentrar ao estádio.

Muitos deles foram excluídos pelo preço proibitivo do ingresso. É algo insano, e falo por amigos meus que detém boa condição financeira, são formados, tem trabalho fixo há anos, mas não podem gastar R$ 100,00 somente de entrada, para irem ao estádio junto com sua esposa e seu filho. Quantos conhecidos foram em 5, no máximo 10 jogos nos últimos 4 anos por absoluta falta de condições. Não quero um “Bolsa Ingresso”, nem nenhum tipo de caridade, mas o Atlético precisa parar com a teimosia em dar tratamento igual a torneio diferentes. Time “B”, que seja um ingresso categoria “B” também.

Escrevo isso, pois ultimamente está mais barato, e até mesmo mais divertido ir para Paranaguá, Florianópolis ou mesmo Irati ver jogo do que ir à Baixada. Não é metáfora, nem hipérbole, é real! E nesses lugares vejo muitos torcedores que não vão à Arena e sinto uma vibração, uma energia que está deixando de existir em nossa própria casa.

Senhores, revejam alguns conceitos. Nossa direção acertou e acerta muito mais do que erra, mas parece fazer questão de deixar bem marcados os erros. Vamos resgatar o próprio torcedor atleticano, vamos resgatar a magia de sermos imbatíveis em casa. Presidente, resgate aquele atleticano fanático que sabemos que existe dentro do senhor.

ARREMATE

” .. você foi me conquistando devagar, quando notei já não tinha como recuar”, Dois bicudos – Ana Carolina


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