Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Pacoteiro, não. Sócio, sim.

16/01/2007


Apesar da proposta do Clube estar bastante clara, sinto que alguns ainda estão confusos sobre a nova campanha lançada pelo Atlético para aumentar o seu quadro associativo.

Vejo muita gente criticando o preço da mensalidade, fazendo cálculos de valores divididos por quantidade de partidas, como se o montante a ser pago fosse o preço para assistir aos jogos do Atlético em 2007. Não é.

As notícias que apareceram recentemente na imprensa atribuem ao Diretor de Marketing do Atlético, a declaração de que a intenção do Clube é fazer com que os torcedores participem direta e ativamente das decisões a serem tomadas. É isso, exatamente, isso!

Segundo os estatutos, os sócios com MAIS DE DOZE MESES DE CONTRIBUIÇÃO, ganham o direito a votar na composição do Conselho Deliberativo, que por sua vez é o colegiado que elege o Presidente do Clube. O atual Conselho deve ser renovado no final de 2007, portanto antes que os novos sócios possuam o direito de votar, simplificando, o Conselho a ser eleito em 2007 e que permanecerá até Dezembro de 2009, será escolhido somente por quem já era sócio em 2006.

Na prática, isso significa que a nova leva, possivelmente muito importante em termos eleitorais, só deverá influir na escolha dos conselheiros e por extensão nos presidentes e diretores, a partir de Dezembro de 2009.

Então não vale a pena ser sócio? Vale, sim, eu argumento. Primeiro porque a figura jurídica do sócio é bastante diferente da figura jurídica de um torcedor. Basta ler o artigo 13 dos estatutos do Atlético, que fala sobre os direitos dos associados, inclusive o de ser ouvido pelos administradores do Clube. Segundo porque apesar de parecer muito, três anos é um tempo curto ao se considerar a história do Atlético. A atual diretoria, bem como a nova a ser eleita no final de 2007, teria exatos três anos para mostrar ao novo quadro associativo que seus projetos são viáveis e que estão a serviço da grandeza do Clube, caso contrário, seguramente haverá problemas para a continuidade do mesmo grupo. Além disso, até lá os novos sócios também serão elegíveis para o Conselho Deliberativo, o que poderá provocar uma renovação drástica no colegiado, inclusive com o aparecimento de opositores.

Considerando tudo isso, parece claro que ao nos tornarmos sócios contribuintes, não estaremos comprando o direito a assistir aos jogos do Atlético na temporada e sim o direito de influir na administração do nosso Rubro Negro. São exatamente aqueles (e – atenção diretoria - não são poucos) que criticam as atitudes da atual administração e que se posicionaram contra a campanha, os primeiros que, paradoxalmente, devem aderir a ela, pois deste modo, irão adquirir em médio prazo o direito de mostrar que podem fazer melhor.

Acredito que a discussão sobre o preço passa a ser irrelevante quando se percebe o momento histórico que a abertura da campanha para novos sócios representa para o futuro do Clube. Se continuarmos acreditando que a entrada livre nos jogos é o principal benefício para os associados do Atlético, é bem provável que se o time for mal nas próximas temporadas, o número de sócios caia e então quem estiver descontente com os rumos do Atlético, perca a oportunidade de se fazer ouvir e representar.

Entendo e lamento que muita gente boa, com boas idéias e intenções, terá que ficar de fora do processo por absoluta impossibilidade financeira, mas por outro lado, com a diversificação do quadro associativo que certamente ocorrerá, é de se esperar que as mais diversas correntes de pensamento, inclusive as daqueles excluídos, passem a ser representadas dentro do Clube.

Por tudo isso, se você acha que pode fazer algo pelo seu time do coração, associe-se ao Atlético. O convite está feito. Não por mim, mas pela diretoria do Clube.


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