Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Inimigo oculto

13/11/2002


E por uma sucessão de desacertos, o sonho do Bicampeonato foi adiado para o ano que vem. Nem mesmo o fraco nível técnico do atual campeonato permitiu que o Atlético realizasse, ao menos, uma campanha condizente com os resultados alcançados no ano de 2001. O ano que poderia ser a reafirmação do crescimento do Clube ficou marcado por fracassos e decepções.

Creio que nenhum torcedor consiga se esquivar à idéia de tentar encontrar motivos para estes resultados fatídicos. O que mais intriga a todos, certamente, é a contradição entre estes resultados e a manutenção de praticamente o mesmo elenco que conquistou o título nacional no ano passado. No Brasileiro deste ano, é verdade, não tivemos Geninho, mas convém lembrar que a participação do treinador não impediu o vexame do Furacão na Taça Libertadores da América, no primeiro semestre. Na Copa dos Campeões a explicação para a bisonha participação (0% de aproveitamento) parece ter explicação mais fácil: a irresponsável experiência com Riva no comando técnico da equipe.

Mas, se continuamos com Kléber, Alex Mineiro, Kléberson, etc... como explicar tamanha fraqueza no futebol apresentado pelo Atlético ao longo do ano? A resposta é clara: existe um grave problema interno no Clube. Seria ingenuidade cogitar que tudo ocorreu por “azar”, ou que os jogadores tenham desaprendido a jogar bola. Não há como esconder: o problema vem de dentro do próprio Atlético. Desde a conturbada retomada do poder por Mário Celso Petraglia, aclamado pela torcida, até as acusações feitas por Augusto Mafuz, o fato é que tudo aponta neste sentido.

Na última segunda-feira, após insinuar que finalmente revelaria a todos a sua versão do problema que assola o Clube, o Presidente, na última hora, acabou optando por amenizar as coisas, deslocando o foco do problema para as dívidas em aberto. Sinceramente? O argumento não me convenceu. Sim, é verdade que o Clube não conseguiu concretizar as negociações que esperava, e isto sem dúvida afetou a sua vida financeira. Mas isto não explica a falta de vontade dos jogadores em campo. Nem mesmo um possível atraso nos salários justificaria tal atitude, eis que estamos habituados a acompanhar jogadores que estão a receber a muito mais tempo em outros clubes e que, nem por isso, deixam de honrar a camisa que vestem e a profissão que representam.

Longe de mim querer sugerir a verdade sobre os fatos. Não faço idéia do que realmente está acontecendo dentro das hostes Rubro-negras. O que quero dizer, e em nome de grande parte da torcida atleticana, é que não estou nem um pouco convencido de que o problema do Clube seja meramente financeiro. Por enquanto, ao que parece, continuaremos lidando com um inimigo oculto. A menos que o nosso Presidente honre todo apoio dos fanáticos (não os da torcida organizada, mas aqueles que o vêem como um verdadeiro Deus, apoiando-o incondicionalmente em todos os Seus atos) que o reconduziram ao poder e nos esclareça o que de fato está acontecendo com o Campeão Brasileiro de 2001.


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