Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Dagoberto no Paranaense

15/01/2007


No auge da pendenga envolvendo o jogador Dagoberto e seus "empresários", redigi textos em que expressava meu descontentamento por suas atitudes pouco respeitosas em relação à camisa atleticana. Um sentimento que não era só meu, mas da absoluta maioria da massa Rubro-negra.

Perdi o romantismo em relação ao futebol já faz algum tempo. Não me iludo mais com jogadores beijando escudos ou desejando amor eterno. Eles querem realmente é o melhor para eles mesmos e, se resolvem jogar em outro clube, e se tiverem bola para isso, é muito difícil que não consigam ir. Vejam agora o caso do Marcos Aurélio. Mesmo com o Atlético pagando o que estava previsto em seu contrato de renovação e exercendo justamente sua prioridade, o atleta foi parar no Santos. E por incrível que pareça, teve gente que colocou a culpa no departamento jurídico do Atlético, dizendo que estão nos passando "rasteira". Bem vindo ao mundo do futebol, em que puxar tapete e dar rasteira é práxis commune, ou seja, a sacanagem é contumaz. Se não existisse tanta sacanagem no mundo do futebol, não precisaríamos nem de departamento jurídico. Sem falar que em disputas trabalhistas, geralmente o profissional leva vantagem sobre o empregador, seu direito ao exercício da sua atividade é garantido pela Constituição. Como deve ser difícil ser dirigente e ter que lidar com tudo isso.

Isto posto, gostaria de falar das vaias que o jogador Dagoberto recebeu na estréia do Furacão no mixo Campeonato Paranaense. Entendo-as, mas não concordo com elas. Não porque não as mereça, mas, antes de tudo, merece nosso desprezo, nossa frieza e nossa indiferença. Sei que é difícil ver o referido jogador com o manto sagrado que nós vestimos por amor. Mas penso que, quem está dentro da camiseta é apenas um instrumento que o Atlético usa para alcançar seus objetivos. Se os "profissionais" vêem o clube dessa forma, por que não a recíproca? Portanto, com frieza, desprezo e indiferença faço o seguinte raciocínio: o Atlético venceu a parada contra aqueles sujeitos, teve aquilo que era seu de direito. Conseguimos a prorrogação do contrato do jogador pelo tempo em que ficou sem jogar, como previa a lei à época. Ganhamos dele, derrotamos seus cupinchas. O Atlético mostrou que tinha razão e que é maior que o jogador Dagoberto. Este, com o rabicho entre as pernas depois de perder, acatou a decisão e agora espera no clube o final de março, quando realizará a transferência para o São Paulo ou coisa que o valha. Enquanto isso, não pode ser um peso morto, tem que fazer valer o salário. Portanto, nada melhor que atue no Campeonato Paranaense pelo Ventania.

Se treinador Ivo Secchi assim decidiu, é porque tinha suas razões. Dagoberto, mesmo sendo digno de desprezo, tem bola no corpo, como diz aquele conhecido comentarista. E até hoje não jogou em nenhuma conquista do clube, não teve atuação decisiva. Quem sabe ele jogando o Paranaense dê uma contribuição para a conquista desse título que, mesmo não tendo mais a importância que tinha para nós, não deixa de ser um título. Não precisa vibrar por ele, por suas jogadas, torcedor, mas pelo Atlético, pelo engrandecimento do nome do clube, por aquela camisa que momentaneamente é vergada alguém que está de passagem.

Vaiar é dar uma importância que o jogador não tem, é manifestar mágoa, é um tipo de vingança inócua. Não vamos dar a ele o "falem mal, mas falem de mim". A Dagoberto, indiferença. Ao Atlético, o verdadeiro amor. E, se este jogador fizer seu papel com o mínimo de dignidade, caso ele a tenha, não iremos aplaudi-lo nem gritar seu nome. Iremos aplaudir o Atlético e gritar o nome do nosso clube amado. E daqui pra frente, lembrar sempre: jogador é jogador, vêm e vão, uns são melhores que os outros, alguns têm mais caráter, mas todos pensam primeiro em si.

Os ídolos acabaram.




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