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Sergio Surugi
Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.
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Começa a temporada
14/01/2007
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Começa a temporada.
Tenho recebido alguns e-mails de leitores da velha-guarda Rubro-Negra, pedindo que eu escreva algo sobre o descaso da diretoria em relação ao Campeonato Paranaense. Resolvi atendê-los, mas com certeza a minha opinião vai decepcioná-los.
Antigamente os nossos times muito raramente jogavam torneios com times de outros estados e quando acontecia, normalmente a única vaga era destinada ao ultimo campeão paranaense. É claro que uma situação como aquela acirrava as rivalidades regionais e fazia do Paranaense a única oportunidade de um time ganhar alguma coisa e ainda que timidamente, aparecer. Além disso, todos os times que participavam da competição local eram absolutamente identificados com as cidades que representavam e até se constituíam em um orgulho local.
Está muito claro que o cenário atual é muito diferente. Como já disse o Marcel, na sua coluna durante a semana, hoje a grande maioria dos times do interior são times de empresários que só servem para abrigar jogadores que estão à espera de um lugar em uma equipe de visibilidade nacional. A versão deste ano do Paranaense começa com algumas novidades, como a hibridização de um time de Campo Mourão com outro de Maringá e com uma demanda judicial envolvendo um “neo” time de Toledo e outro de Engenheiro Beltrão. Demanda, aliás, que não deveria merecer sequer citação, pois acho difícil encontrar mais do que uma dúzia de pessoas que estejam preocupadas com quem irá vencer a pendenga e a partir daí participar do campeonato.
Existem também outros fatos, não tão novos, que na minha opinião levaram a diretoria a optar por colocar o Paranaense em segundo plano. O crescimento dos últimos anos, colocou o Atlético, no âmbito regional, como o adversário a ser batido pelos demais, incluindo os times da Capital. Os Atleticanos por outro lado, não estão preocupados com os adversários locais, pois nossos rivais de hoje, ao contrário das décadas passadas, estão em nível nacional e latino americano. Ao considerarmos isso, é possível deduzir que se trata de uma competição na qual só temos a perder, pois se ganharmos, a percepção será de que estamos somente cumprindo com a nossa obrigação. A conquista do título resultará em cinco minutos de euforia da torcida (que podem se estender a dez, se a decisão for contra os esmilingüidos coxas).
Até o final deste campeonato, seremos obrigados a conviver com jogadores adversários que normalmente confundem a vontade de aparecer com violência, com a complacência de péssimos árbitros e da crônica esportiva, que adora fazer média com o pessoal do interior, com o desinteresse da torcida e com partidas de péssimo nível técnico. De interessante, só existe a expectativa com os uniformes dos times que mudam de nome e sede a cada ano e que costumam sempre mostrar alguma ousadia em termos estéticos.
Em um campeonato com times que misturam cidades e com briga entre times que não deverão durar mais que uma temporada, só falta mesmo a mulher barbada e o mico que anda de bicicleta (diga-se de passagem, falta só o que anda de bicicleta, pois o outro mico, aquele que representa o ônus de abrir um estádio caro como a Kyocera Arena para jogos irrelevantes, com certeza irá aparecer).
A diretoria está certa em dar ao Paranaense a importância que ele realmente tem no momento atual. Para os torcedores, fica a oportunidade de aquecer a paixão para o ano que deve realmente começar na Copa do Brasil. Até lá é pura diversão. Incluindo a tal demanda jurídica.
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