Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Homens e meninos

11/12/2006


Três títulos, quatro finais disputadas. Campeão da Copa Saprissa na Costa Rica; da Taça BH, um dos torneios de juniores mais importantes do país; e do Campeonato Paranaense sub-20, faturando e passando a régua no saudoso Coritiba. Uma temporada em que a piazada elevou o nome do Atlético Paranaense, vestindo a jaqueta Rubro-negra com vigor e sem jaça.

Uma geração vencedora, em fatos e feitos, que chega à vida adulta do futebol. Alguns deles, como Vagner, Alex, Thiago e Leandro não poderão mais ser aproveitados nos juniores, pois estão chegando aos 21 anos. Ricardinho, Kaio, Rogerinho e Roberto, destaques do time, pedem passagem para juntarem-se a Chico e Rhodolfo no elenco de profissionais do Furacão. Não me recordo, na história recente do Atlético, uma fornada tão grande de jovens com condições de ter uma chance entre os "grandes". Este momento pede atenção e cuidado por parte da diretoria esportiva.

Dentro do planejamento para 2007, tem que estar inserido, e acredito que esteja, um plano de ação para o aproveitamento dessa moçada. Poderão ser a base do "time B", que se enseja colocar em campo nas primeiras fases do paranaense. Ótimo para irem se familiarizando com o ambiente dos profissionais e mostrando a cara para a torcida, que pouco acompanha os eventos das categorias de base. Sou favorável a esta iniciativa. Alguns desses jovens terão mais sucesso que outros, mas assim é o futebol, mas todos têm potencial para transformarem-se nas revelações atleticanas do próximo ano.

Tanto se critica a ala "científica" do Clube Atlético Paranaense. Na minha opinião, injustamente, pois tem trazido caras novas ao seio atleticano em todos os anos, e recuperando caras velhas também. Quem sabe é a hora de mostrar resultados incontestáveis? Que 2007 seja o ano em que o magnífico CT do Caju consiga a afirmação como centro de formação de atletas cinco estrelas, mostrando àqueles que insanamente falam que a estrutura atleticana não serve para nada e pedem investimentos "em futebol", que investimentos "em futebol" e em estrutura são a mesma coisa. Será um ano importante para o recém finalizado CT do Caju, este verdadeiro símbolo de orgulho atleticano.

Não acho nociva uma expectativa forte sobre esta garotada. Um jogador pode dar certo ou não por inúmeras razões. A torcida está muito ressabiada, exige um ano melhor que o de 2006 e haverá cobranças. Mas isto é jogar num clube de massa como o Furacão, a pressão faz parte e que seja dada a retaguarda necessária aos garotos. Tanto para o mal, no caso de um desempenho ruim; tanto para o bem, no caso de um grande destaque. Este "background" psicológico cabe ao clube oferecer. Mas são cerca de dez atletas, quase um time inteiro, e acredito que alguns vão vingar. E serão aqueles com mais coragem e sangue nos olhos. Acabou o aconchego do semi-anonimato. Chegou a hora da piazada sair do ninho sem medo das hienas.

Não se deve esperar que a torcida não cobre. Futebol é resultado, chavão que se tornou mantra. E o Atlético precisa dos resultados. Isso é inerente ao atual estágio atleticano. Portanto, não servirá como desculpa aos jovens o excesso de pressão. Será a hora de se separar os juniores dos seniores. Que o professor Vadão não impeça esta seleção natural, em que os mais fortes sobrevivem. É hora da oncinha beber água. É hora dos meninos se tornarem homens.


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