Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Este filme eu já vi

06/11/2002


Sábios são aqueles que falam “nunca cuspa pra cima porque cai na cabeça”. O momento atual do Atlético confirma isso.

Nós, atleticanos, passamos 17 anos rindo dos coxas porque eles foram campeões brasileiros e depois chegaram à 3ª divisão. Nós rimos deles porque, no ano seguinte, eles fizeram a pior campanha da Libertadores e foram humilhados no nacional. A gente riu deles porque até hoje eles só têm a história daquele 1985 para contar. Porque eles vivem eternamente daquele passado vencedor.

Se o Brasileiro 2002 fosse prêmio do Oscar, o Atlético ganharia o troféu como melhor roteiro adaptado. A gente simplesmente pegou a história dos coxas e colocamos as cores rubro-negras! De melhor time, o Atlético passou a decepção total. Uma vergonha! Igualzinho fizeram os coxas, há dezessete anos atrás. Fizemos a pior campanha de um time brasileiro na Libertadores, tivemos a “capacidade” de perder todos os jogos na Copa dos Campeões, e estamos eliminados do Campeonato Brasileiro. Estamos reprisando a história dos coxas.

Não adianta ter o melhor estádio, um Centro de Treinamentos referência no país, atleta pentacampeão... Futebol é trabalho e resultado. A gente adora história, mas não vivemos de lembranças. O Atlético hoje é a prova de que chegar ao topo não é a parte mais difícil. Difícil é se manter no nível mais alto.

Pois é, torcedor atleticano. Está provado que jamais devemos falar: desta água não beberei! Que pelo menos que desta vez fique a lição dos coxas e que a gente não precise passar dezessete anos lembrando daquele feliz 2001.


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