Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

A grandeza do Atlético: teoria e prática

03/12/2006


Na minha penúltima coluna do ano, não pretendo fazer um balanço de 2006. Acho que meus colegas colunistas, durante a semana, já esgotaram os argumentos e já mostraram aos internautas as mais diversas correntes de opinião. Eu, só para não passar em branco, confesso que quando vi o Mateus sair do CT no seu Tuareg em alta velocidade, para nunca mais voltar; quando vi o Givanildo chegar; quando vi o Tiago levar aquele frangaço eliminatório contra a ADAP; quando vi a desclassificação da Copa do Brasil, contra o Voltaço de Túlio Maravilha, em plena Kyocera Arena; quando vi a estúpida insistência com o inimigo dos psicólogos, Mestre (sic) Giva, no comando do time; realmente, em vários momentos de 2006 cheguei a me conformar com a segundona. Escapamos com certa tranqüilidade e chegamos à última rodada com esperanças de calendário internacional para 2007. Na minha opinião, com tantos equívocos e uma razoável dose de acomodação, foi bom demais.

Mas, ontem, ao apagar das luzes do ano, consegui arrumar um motivo para ficar indignado. Foi quando soube que a final da Sul Americana (melhor seria Latinoamericana, pois ao que me consta o México fica na América do Norte) foi realizada em um estádio com capacidade inferior a quarenta mil pessoas, contrariando o regulamento da competição.

Possivelmente foi mais uma decisão “compreensiva” e favorável aos mexicanos, do doutor paraguaio que preside (há vários anos, no melhor estilo Chavez-Fidel) a Conmebol, ao considerar que a diferença para a capacidade exigida era desprezível. Até aí nenhuma surpresa, pois eu, quando morei no Chile, conheci a imagem que este dirigente tem entre os torcedores chilenos, que parecem conhecê-lo melhor que nós, brasileiros.

O que me surpreende e me deixa revoltado é a tolerância da CBF, que deveria proteger de forma igual, os interesses de seus afiliados em competições internacionais. Na final da Libertadores de 2005 ela se juntou ao doutor para proteger o São Paulo e prejudicar o Atlético, tirando o primeiro jogo da Arena. A desculpa foi o cumprimento do regulamento, que evidentemente agora foi por água abaixo, já que provavelmente pressionada pela entidade mexicana, a medida e o peso foram diferentes, no melhor estilo "Banana´s Republic".

Termino o ano aliviado, mas triste, com a desconfiança de que apesar de todo o nosso esforço, ainda não nos comportamos, não somos tratados e talvez ainda não estejamos preparados para agir como um time grande.

Vamos observar melhor a conduta da nossa diretoria, que na época da decisão da Libertadores enviou dirigentes para negociar infrutíferamente com a Conmebol a liberação de nosso estádio para o jogo e que deveria ter a obrigação de pensar e agir grande, dentro e fora do campo. Chega de assistir o Atlético levar paulada cada vez que coloca a cabecinha de fora.

É possível e compreensível que não se possa fazer nada de concreto, mas pelo menos vir oficialmente a público, mostrar indignação e exigir explicações, já seria uma atitude mais compatível com quem se julga respeitado e grande e principalmente ajudaria a inibir outras incursões do tipo. O Atlético pode até ter sido roubado em 2005, mas por ser poderoso, deve mostrar ao mundo que não se conformou com o vice-título continental daquele ano.

Com a palavra, nossos conformados dirigentes, que devem explicações àqueles que acreditaram e acreditam no seu grandioso projeto.


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