Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Vadão: ano V

01/12/2006


As notícias que vêm do Atlético confirmam que Vadão entrará em seu quinto ano à frente do clube. Desde que aqui chegou em 1999, o treinador atleticano teve bons e maus resultados. Já saiu por iniciativa própria em 2000, assim como foi demitido em 2003. Agora, parece estar próximo de renovar seu contrato para mais uma temporada, ou ao menos, iniciar o novo ano como treinador do clube, já que não podemos prever se ele terminará 2007 comandando o rubro-negro paranaense.

Nesta semana, o Jornal do Estado, através do competente jornalista Silvio Rauth fez uma interessante reportagem estatística sobre a Era Vadão no Atlético. O treinador é o recordista de jogos no clube desde a revolução de 1995. Neste domingo completará seu 132.º jogo como técnico atleticano. Seus números são apenas razoáveis, com aproveitamento de 54%.

O que mais impressiona e corrobora a tese de que Vadão não é o nome ideal para o Furacão é seu desempenho em Campeonatos Brasileiros. Em 1999, com Lucas, Kelly, Alberto, Adriano e Kleber, o rendimento foi de 49,20%. Em 2003, contando com Dagoberto, Ilan, Kleberson, Alessandro, Rogerio Correa e os pouco aproveitados Jadson e Fernandinho, o aproveitamento foi de 37,68%. Agora, em 2006, com um elenco menos qualificado, muitos parabenizaram o treinador por evitar o rebaixamento (palavra que deveria ser banida do dicionário atleticano, com a estrutura, profissionalismo e torcida que temos), no entanto, sob o comando de Vadão, o Atlético conquistou 45,83% dos pontos disputados. Dos sete treinadores desde a adoção dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro, só tem desempenho superior ao de Edinho e Givanildo.

Estatísticas e números à parte, o trabalho do Vadão nunca me agradou. Considero-o muito limitado no aspecto tático e no trabalho de grupo. Taticamente pouco inova e raramente ousa, mantendo sempre o mesmo padrão de jogo e sendo previsível nas substituições. Isso também influi no que eu penso sobre seu trabalho de grupo. Sua característica de manter um time base e 8 à 10 reservas limita o elenco àqueles que costumam ser relacionados para as partidas. Os que ficam fora perdem a motivação e o rendimento. Em um grupo de 40, trabalhar com aproximadamente 20 é arriscado, pois ao mesmo tempo em que conquista a confiança dos escolhidos, perde a dos demais. Isso sem esquecer a pouca oportunidade dada aos jovens valores, que eu considero o mais grave erro de Vadão, em um clube formador como o Atlético.

O único aspecto positivo sobre a manutenção de Oswaldo Alvarez no Atlético é finalmente termos a oportunidade de iniciar um ano com um projeto pronto, com treinador definido e uma pré-temporada por ele elaborada. Mas isso poderia acontecer com qualquer outro técnico, desde que fosse contratado já em dezembro. Bons nomes no mercado eu indico três: Antonio Lopes, Paulo Autuori (recém demitido no Japão) e Tite. Podem ser mais caros que o Vadão, mas gastar em um treinador competente e respeitado costuma ser proveitoso. Sempre achei que vale mais um treinador caro que transforme um time médio em bom a quatro jogadores caros que desestabilizem um bom ambiente. Além do que gastar com um é mais barato do que gastar com quatro.

Perguntar não ofende
Quando Vadão for demitido do Atlético, que outro clube grande do futebol brasileiro o contratará?


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