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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Basta, Atlético!
24/11/2006
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Cheguei ao meu limite. Coincidentemente, chegando ao final de mais um ano, mais uma temporada de futebol, mais tantos e tantos finais, cheguei ao ponto máximo do meu limite. Não agüento mais este time do Atlético, este time sem vergonha, sem vontade e sem resistência. Agradeço por alguns poucos momentos proporcionados por este mesmo time neste ano terrível e sofrido, mas não suporto mais.
Como bom atleticano, acreditei quase que o ano todo, incentivei o time, o clube, os jogadores. Acreditei e confiei que poderíamos, ao longo do tempo, mudar o panorama. Acreditei no fator “casa”, acreditei que o time poderia se superar também fora da Baixada. Confiei na preparação da equipe e no suporte psicológico, assim que começamos a avançar na Copa Sulamericana. Acreditei muito em Vadão, fiz questão de elogiar a atitude da diretoria, e até agradeço pelo alcance do principal objetivo do técnico em nos livrar do rebaixamento. Mas com este time, este “bolo” de jogadores acomodados e desqualificados, não há Vadão, não há nenhum milagreiro que dê jeito. Por isso, não atingir o fundo do poço da segunda divisão, para nós, já foi lucro em 2006. Uma pena, para um clube que diz pensar tão grande.
Por tudo isso e muito mais, cansei. Cansei dessa porcaria de Atlético. Essa que está aí, aos nossos olhos. E também cansado, assisti uma porcaria de apresentação no México, mas como era o Atlético, lá estava eu, assim como milhares de atleticanos, perdendo um pouco de sono para ver aquela piada de time em campo. Uma verdadeira “nhaca”, esperando apenas o jogo terminar. O Atlético jogou derrotado, não desmerecendo, em hipótese alguma, o bom time do Pachuca. E algo muito importante aconteceu: o Atlético me provou, finalmente, que apenas acreditar não basta. Não adianta. Não compensa. Acreditar também é importante, mas quando existe qualidade, disciplina e vontade de vencer. É o mínimo que um time como o Atlético deve apresentar.
O limite, o momento exato do limite, chegou com o jogador Cristian. Dois passes errados de aproximadamente cinco metros, no mesmo lugar do campo, quando não existia ninguém a sua frente. Absolutamente ninguém. Não era cansaço. Era sacanagem, era desrespeito, era palhaçada assistir Cristian, Danilo, João Leonardo, Alan Bahia, Michel (o qual tanto elogiei, mas despencou no meu conceito), Erandir, etc, etc, etc. Foi sacanagem o ano inteiro, e eu, na minha modesta posição de torcedor, não cansava de jogar os meus pensamentos otimistas, como se um milagre fosse tirar o meu time do buraco e de uma hora para outra me dar a alegria de um título. Pura ilusão. Uma droga de um time, com uma droga de planejamento, não poderiam me dar o inalcançável. Eu fui exigente demais, e o meu time, ruim demais. Perder faz parte do jogo, mas perder como perdemos no México, perder como perdemos o ano inteiro, é uma vergonha.
E se fui exigente demais nesse ano miserável, com pouquíssimos bons momentos, no próximo ano serei exigente dez vezes mais. A diretoria do Atlético tem a obrigação de formar um time, no mínimo, competitivo. Para que serve este CT enorme, lindo, exuberante? Se não é para formar atletas, não serve para mais nada. E não me venham com respostas científicas, pois disso também já “tô de saco cheio.” Não quero saber de outra coisa, de papo furado, de balela. E não me venham também com a importância da conclusão da Arena, estrutura e o diabo a quatro. Chega. Eu quero bola na rede, quero um zagueiro batalhador, quero um volante que saiba que é volante, quero dois alas titulares absolutos em suas posições, quero atacantes de qualidade, quero um goleiro que saiba a hora certa de sair debaixo da trave e dar um soco na bola. Quero tudo isso e muito mais, pois eu realmente cansei de torcer para um time molenga, um time que acha que faz e acontece, e que não tem um mínimo de tesão em vestir a camisa do Atlético. Quero que se renove mais da metade desse lixo de elenco, e que tenhamos uma pré-temporada de verdade, não uma enganação. Quero um técnico que acompanhe o trabalho desde o primeiro dia do ano, e que tenha a liberdade de trabalhar. E por último, quero que não me prometam nada, por favor. Sem discursos, sem palavras, sem “nhem, nhem, nhem.” Eu não sou palhaço e também não sou burro, e meus milhares de irmãos atleticanos também cansaram dessa ladainha. Que o ano de 2007 não se faça com promessas políticas. Que se faça com atitudes!
É o meu direito como torcedor, é o meu direito como atleticano. E se a diretoria está dando graças a Deus por terem terminado as “responsabilidades” deste ano, pensem muito bem. Dentro de pouquíssimo tempo vocês terão que nos entregar um time novo, que saiba o verdadeiro valor da história do Atlético, bem como seus compromissos com o clube. Nada de papo furado. Pouca conversa e muita ação, muito trabalho. Se não for assim, e se o próximo ano for novamente um fracasso, o bicho vai pegar. Basta, Atlético!
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