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Marcel Costa
Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.
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O inesquecível ano de 2006
23/11/2006
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inesquecível
i.nes.que.cí.vel
adj (in+esquecível) Que não se pode esquecer
Inicio a coluna de hoje com a definição da palavra inesquecível encontrada no Dicionário Michaelis. Achei necessário, pois muitos, ao lerem o título da coluna, ficarão surpresos e discordarão que 2006 foi, de fato, inesquecível. Já que a palavra significa algo que não se pode esquecer, acho importante que nunca nos esqueçamos dos erros cometidos em 2006, tentando assim melhorar nos próximos anos.
Não podemos nos esquecer que em 2006 apostamos em um técnico tampão, depois no alemão aventureiro, seguimos com um de sucesso no Nordeste, mas pouca expressão no restante do país e acabamos com um velho conhecido, de passagens apenas razoáveis pelo clube. O Atlético é organizado, bem estruturado e deve agir assim na contratação de seus treinadores. Nos últimos anos percebemos que mudanças constantes no comando técnico e treinadores já rodados, mas com pouco sucesso na carreira, não trazem resultados expressivos. O bom rendimento de um time deve-se muito à competência de seu comandante e, infelizmente, em 2006 não tivemos nenhum à altura do clube. Talvez o melhor fosse o Matthäus, mas deslumbrado com o país e suas belezas, não durou mais do que algumas semanas.
O exemplo é o sucesso de São Paulo, Internacional, Grêmio, Santos, Vasco e Paraná Clube, justamente os seis primeiros colocados do campeonato. Alguns dos citados têm elencos tão limitados quanto o do Atlético, mas todos contam com o mesmo treinador desde o início do Brasileiro deste ano. Muricy, Abel e Luxemburgo já são consagrados, mas Mano Menezes, Renato Gaúcho e Caio Junior mostraram competência e tiveram respaldo de suas diretorias para desenvolver um bom trabalho.
O ano de 2006 também deve ser lembrado como mais um ano que a torcida atleticana não conseguiu assimilar que o arremesso de um “simples” copo de plástico no gramado seja capaz de causar prejuízos ao clube. O Atlético perdeu mandos em 2004, 2005, 2006 e já está condenado em três jogos no Brasileiro de 2007. Será que as placas no gramado alertando sobre o risco de perda de mando de campo, o aviso nos alto-falantes da Arena e a recordação das inúmeras punições não são suficiente para mudar a postura de meia dúzia de burros (só posso chamá-los assim) que sentem-se provocados por árbitros e adversários e extravasam sua raiva arremessando um copo nestas pessoas?
Não iremos nos esquecer de um ano que nenhum jogador recentemente revelado nas categorias de base do clube jogou mais do que 15 partidas como titular no Campeonato Brasileiro. As exceções são Cleber e Alan Bahia, revelados há muitos anos pelo Atlético. Um clube que se caracterizou pelas boas revelações, que investe muito dinheiro nas categorias inferiores e que necessita revelar novos talentos para suprir a dificuldade de contratar jogadores consagrados comparado àqueles que recebem as maiores cotas da televisão e de patrocínio, não pode deixar de lançar quatro ou cinco “pratas da casa” por ano. Será que falta qualidade aos campeões da Dallas Cup, Copa Saprissa, Paranaense de Juniores e Taça Belo Horizonte? Sinceramente acredito que falte coragem ou vontade ao Vadão para revelar novos atletas, pois se até mesmo o Evandro e o Alex são preteridos, imagino a situação daqueles que nem subiram ainda. Somente nos últimos jogos apareceu o Chico entre os relacionados. Jogador polivalente que poderia ter ocupado a carente vaga de lateral esquerda em vários jogos do ano.
Claro que ninguém erra de propósito, mas os mais competentes erram menos. Sempre acreditei na competência de nossos diretores, mas há dois anos a coisa parece estar travada. Em 1998, surgiu uma geração que brilharia em 1999 e no primeiro semestre de 2000. Na segunda metade deste ano, moldou-se um novo time que teve como ápice o título brasileiro de 2001 e acabou-se em 2002. Triste 2003, quando tudo foi recomeçado, para nos encher de orgulho e alegria em 2004. Em 2005, iniciou-se um novo ciclo que deve estar se encerrando no final deste ano, sem grandes conquistas, marcado por boas campanhas internacionais mais na base da raça do que da técnica. Para que o próximo biênio ou triênio seja repleto de vitórias, não podemos nunca nos esquecer de 2006, um ano que seria do futebol, mas passou apagado, com pouco ou nenhum brilho.
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