Silvio Rauth Filho

Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.

 

 

Precisamos da Fanáticos?

18/11/2006


Dois episódios recentes colocaram em xeque a torcida organizada Os Fanáticos. Primeiro, a confusão no gramado com jogadores do Paraná Clube. Fato que custou caro – a perda de um mando de campo e multa de R$ 11.500. Além disso, o clube ganha o carimbo de reincidente nos próximos julgamentos e, como resultado, levará punições mais severas.

O segundo incidente foi a agressão praticada por integrantes da Fanáticos. Um grupo de dez brutamontes atacou um torcedor solitário. Foi um ato covarde e patético, sem qualquer justificativa. Nesse momento, em que a maioria dos atleticanos está revoltada, alguns começam a defender a extinção das organizadas. Trata-se de um radicalismo, uma decisão exagerada.

A violência, de qualquer tipo, jamais pode ser aceita. Mas a generalização também. É verdade que os canalhas da pior espécie costumam se aproximar das organizadas, mas é leviano afirmar que essas torcidas são controladas por pessoas violentas ou que incentivam a violência. A solução mais justa e adequada é punir com rigor os maus elementos e, para isso, vigiar de perto esses grupos. Proibir a existência dessas organizações, simplesmente, acabará prejudicando pessoas inocentes, que nunca se envolveram em confusões e são apaixonadas por esse trabalho de "torcer em grupo".

Nunca fui um torcedor passional, agitado. Sempre fiquei distante das organizadas. No entanto, é preciso admitir que essas torcidas fazem parte do espetáculo. Nos poucos jogos em que a Arena ficou sem bateria, tivemos uma pequena demonstração da importância desse pessoal. O "caldeirão" ficou morno e, em alguns momentos, gélido. Sem a Fanáticos, a situação ficaria ainda pior.

Em todos os jogos do Atlético eles são os únicos que gritam do início ao fim. Transformam a visita ao estádio em algo muito mais divertido. Todos sabem que os outros setores do Joaquim Américo são ocupados, na grande maioria, por espectadores. Pessoas como eu, que vão lá só para assistir. Nesses locais, o pessoal que grita e empurra o time é uma minoria. Fora de casa, a situação é ainda mais nítida. Quem é que sempre viaja e está junto com o Atlético? Claro que, quando colocamos tudo isso na balança, a relação custo/benefício fica desequilibrada, pesando contra a existência das torcidas. É difícil defender as organizadas se elas continuam negligentes, permitindo que alguns dos seus integrantes se envolvam em atividades criminosas.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.