2005 - De Ventania a Furacão

A frase resume a trajetória atleticana durante o Campeonato Paranaense 2005. O time começou o campeonato com uma equipe reserva, já que os titulares preparavam-se para a disputa da Copa Libertadores da América. O futebol dentro de campo também alternava bons e maus momentos, com grandes goleadas e más apresentações. Nos 19 jogos que disputou no Estadual, foram doze vitórias, cinco empates e duas derrotas, com um aproveitamento de 72% dos pontos disputados. Lima e Denis Marques, com quatro gols cada um, foram os principais artilheiros do Atlético na competição. Curiosamente, 16 dos 46 atletas usados pelo Atlético na competição marcaram gols durante o Estadual.

O Atlético retomou a sina de vitórias sobre o Coritiba e levantou a taça em 2005.


No primeiro turno, o Atlético foi protagonista da partida mais polêmica de todo o campeonato. Jogando na Baixada, o Rubro-Negro perdia para o Império por 2 a 1, quando Jorge Henrique cruzou a bola pela direita e William, de carrinho, se atirou contra a bola, que passou perto da trave, batendo no ferro de sustentação e balançando a rede. Sem perceber que a bola tinha ido para fora, o árbitro Francisco Carlos de Oliveira confirmou o gol, que garantiu o empate ao Furacão.

Durante toda a competição, Atlético e Coritiba tiveram campanhas muito parecidas, brigando rodada a rodada pela melhor campanha no campeonato. A vantagem rubro-negra foi apenas no saldo de gols. E com tamanha semelhança nas campanhas, lógico que a final do Paranaense seria entre os tradicionais rivais. Pela 12ª vez na história, o Paranaense era decidido num Atletiba. E pela sétima vez no confronto decisivo entre os dois times, a taça de campeão foi parar na Baixada.

No primeiro jogo, no estádio do Pinheirão, o Coritiba levou a melhor, vencendo por 1 a 0. O resultado adverso fez a diretoria atleticana decidir mudar o comando técnico do time: saiu Casemiro Mior e chegou Edinho. A mudança de treinador deu uma carga nova de ânimo ao time, que foi para a grande decisão na Baixada com energias renovadas. Era vencer ou vencer.

Último jogo: sofrimento de mais de 120 minutos

Mais de vinte e três mil pessoas coloriram a Arena de vermelho-e-preto para a grande partida decisiva. Uma vitória atleticana significava, além do título, a quebra de um tabu de 60 anos: desde 1945, a equipe que vencia o primeiro jogo da decisão ficava com a taça.

Como tabus foram feitos para serem quebrados, o Furacão partiu em busca da vitória. No primeiro tempo, a rivalidade característica de Atletibas deu o ar de sua graça. Logo aos 12 minutos, o zagueiro Miranda, do Coritiba, e o atacante atleticano Aloísio trocaram tapas e foram expulsos. Com dez em campo, o Coritiba tratou de se defender e garantir o empate que lhe dava o título. Ao Atlético, a alternativa que restava era atacar com todas as forças.

Na etapa final, o técnico Edinho colocou dois novos atacantes para fazer companhia a Denis Marques: Maciel e Lima. Foi o que bastou para o título ganhar cores Rubro-negras. Na primeira boa jogada de Lima na partida, ele tocou para Denis Marques, que chutou forte da entrada da área e a bola bateu nas duas traves e não entrou. Na segunda tentativa, a dupla não decepcionou a torcida que incentivava o time das arquibancadas. Aos 19 minutos, Lima recebeu o cruzamento no lado esquerdo da área e ajeitou de cabeça para Denis Marques. O atacante teve calma para limpar do marcador e chutar forte, vencendo o goleiro Fernando. 1 a 0 Atlético.

A partir daí, os dois times se lançaram ao ataque, promovendo lances de pura emoção aos torcedores. Mas o placar continuou apontando 1 a 0 para o Furacão, o que levou a decisão para a prorrogação. Nos 30 minutos extra, a partida ganhou ares de dramática à maioria atleticana presente na Baixada. Visivelmente desgastado (por ter atuado no meio da semana pela Libertadores), o Atlético teve que ter raça e vontade para se defender das ofensivas do rival. E o zero do placar não saiu.

Dezessete anos depois, uma decisão de Campeonato Paranaense entre Atlético e Coritiba seria nos pênaltis. E, se em 1978 o time verde-e-branco foi mais feliz, desta vez os atleticanos deram o troco.  Na primeira cobrança, Capixaba chutou longe da meta do goleiro Diego. Já o atleticano Alan Bahia bateu no canto de Fernando, colocando o Atlético em vantagem. Na seqüência, Rafinha e Negreiros, do Coritiba, e Fabrício e Maciel, do Atlético, convertem suas chances, deixando o placar em 3 a 2 para o Rubro-Negro. O quarto cobrador do Coxa era Reginaldo Nascimento, que chutou a bola na trave do goleiro Diego. Foi a senha necessária para a torcida atleticana fazer a festa na Baixada. Enquanto Lima se dirigia para a oitava cobrança da série, o estádio inteiro ovacionava seu nome. O ex-coxa e novo ídolo da torcida atleticana não tremeu e fez a Baixada tremer de alegria. Ele chutou forte, no canto do goleiro Fernando. A bola passou por debaixo dos braços do camisa 1 do Coritiba. Era o gol do título, o gol que fez o Atlético chegar no topo do futebol do Estado.

 

Final - Paranaense - (17/04/2005) - Atlético 1 (4) x 0 (2) Coritiba
L:
Kyocera Arena; A: Henrique de França Triches; CA: Rodrigo Batata (19'), Rubens Júnior (23'), Baloy (25'), Ticão (33'), Marcão (77'), Márcio Egídio (82'), Rodrigo Souto (84'), Pepo (85'), Flávio (88') e Reginaldo Nascimento (90+1'); CV: Miranda (10') e Aloísio (10'); P: 23.759; R: R$ 431.054,50; G: Denis Marques, aos 19 do 2°; PÊN: Alan Bahia, Rafinha, Fabrício, Negreiros, Maciel e Lima.

ATLÉTICO: Diego; Etto (Maciel int), Danilo, Baloy e Marcão; Alan Bahia, Ticão (Rodrigo Souto 81'), Fernandinho (Lima 57') e Fabrício; Denis Marques e Aloísio. Técnico: Edinho.

CORITIBA: Fernando; Rafinha, Miranda, Reginaldo Nascimento e Rubens Júnior (Negreiros 59'); Márcio Egídio, Capixaba, Pepo (Jackson 95') e Rodrigo Batata; Marciano (Flávio 20') e Nunes. Técnico: Antonio Lopes.

Campanha

19 jogos: 12 vitórias / 5 empates / 2 derrotas / 39 gols pró / 14 gols contra

Império 1 x 2 Atlético
Atlético 2 x 0 Francisco Beltrão
Paranavaí 1 x 1 Atlético
Atlético 2 x 0 Iraty
Londrina 0 x 0 Atlético
Atlético 3 x 1 Malutrom
Nacional 1 x 0 Atlético
Atlético 2 x 2 Império
Francisco Beltrão 2 x 3 Atlético
Atlético 3 x 1 Paranavaí
Iraty 2 x 2 Atlético
Atlético 5 x 0 Londrina
Malutrom 0 x 1 Atlético
Atlético 1 x 1 Nacional

Quartas-de-final:
Atlético 4 x 0 Roma

Semifinal:
Londrina 0 x 4 Atlético
Atlético 3 x 1 Londrina

Final:
Coritiba 1 x 0 Atlético
Atlético 1 x 0 Coritiba (4 x 2 nos pênaltis)

Artilheiros
Denis Marques: 4 gols
Lima: 4 gols
Alan Bahia: 4 gols
Aloísio: 3 gols
Baloy: 3 gols
Bruno Lança: 3 gols
Fabrício: 3 gols
Fernandinho: 3 gols

Personagens

Lio Evaristo: Com a saída do técnico Casemiro Mior na semana da partida decisiva contra o Coritiba, o auxiliar-técnico Lio Evaristo ganhou atenção especial. Afinal, coube a ele orientar o recém-contratado Edinho para a formação do time. Lio chegou a comandar o time atleticano em cinco partidas do Campeonato Paranaense, com três vitórias (contra Império e nos dois jogos contra o Francisco Beltrão), um empate (contra o Paranavaí) e uma derrota (para o Nacional).

Lima: Ele deu a volta por cima durante o Campeonato Estadual. Longe de ser uma unanimidade quando foi contratado pelo Atlético, pouco a pouco o atacante Lima foi ganhando espaço no time atleticano. Mesmo não sendo titular absoluto no time principal do Rubro-negro, foi um dos artilheiros do Atlético na competição, com quatro gols. No jogo decisivo, entrou aos 12 minutos do 2º tempo. Sete minutos depois, deu o passe para Denis Marques garantir o 1 a 0 no placar. Nas cobranças de pênaltis, Lima foi o quarto atleticano a cobrar, marcando o gol que garantiu o título ao Furacão.