1925 - O primeiro título estadual

Logo em sua segunda participação no Campeonato Paranaense, o Atlético mostrou a que veio e promoveu uma campanha brilhante. Em doze jogos, foram oito vitórias, três empates e apenas uma derrota, com aproveitamento de 79,1%. O time marcou 37 gols e sofreu 15, com saldo de 12. Urbino foi o principal artilheiro atleticano e também da competição, com 15 gols.

O rubro-negro começou o campeonato arrasando e passou todo o primeiro turno invicto. Na estréia, uma convincente vitória por 1 a 0 sobre o Savóia, time que havia eliminado o Atlético no ano anterior. Na seqüência, o adversário era o Coritiba e o empate por 3 a 3 acabou fazendo justiça ao bom futebol apresentado pelos dois clubes. As goleadas sobre o Paraná ( 7 a 1), Campo Alegre ( 5 a 1) e Universal ( 8 a 1) mostraram que o time estava no caminho certo. Para fechar bem o 1º turno, duas vitórias por 2 a 1, sobre Palestra Itália e Britânia. E o Atlético estava isolado na ponta da tabela.

Em 1925 o Atlético conquistou o primeiro campeonato da sua história.

A campanha convincente animou a torcida e até mesmo os internacionalistas e americanos que foram contra a fusão deram o braço a torcer e passaram a apoiar o time. Os adversários olhavam com desconfiança a boa fase, crentes que tudo não passava de pura sorte e que o caçula da competição não iria suportar a pressão do segundo turno.

Em princípio, parecia que a previsão dos críticos iria se confirmar, pois o Atlético conheceu sua primeira derrota logo na arrancada da segunda fase: 3 a 1 para o Savóia. Parecia, pois com um time tecnicamente superior aos demais, o Atlético retomou o rumo, empatando com o Coritiba e vencendo o Britânia. Mais do que nunca, era candidatíssimo a levar a taça.

Apenas o Savóia conseguiu se igualar à campanha atleticana, obrigando a realização de dois jogos extras para se conhecer o campeão da temporada, o que rompeu o ano, fazendo com que o Paranaense de 25 terminasse apenas em janeiro de 1926.

A imprensa da época se animou com o campeonato tão disputado. “Poucos encontros em nossa capital despertaram um entusiasmo tão vivo como que se vai ferir domingo, entre rubro-negros e savoianos. O equilíbrio de forças que ambos possuem, a simpatia que gozam em nosso Estado tem prendido a atenção de todos que se interessam por futebol” , destacou a Gazeta do Povo de 07 de janeiro de 1926.

No dia 10 de janeiro, o jogo, que foi taxado como “maior acontecimento do futebol paranaense” até então, terminou empatado por 1 a 1. O Atlético dominou as ações em boa parte da partida e saiu na frente com gol do artilheiro Urbino, mas permitiu o empate do adversário. Tudo seria decidido no segundo jogo...

Última partida: chegou a vez do Rubro-negro

Curitiba, 17 de janeiro de 1926. Dia de decisão no futebol paranaense. Atlético e Savóia entraram no campo da Buenos Aires, como chamavam o Joaquim Américo naquela época, para o último capítulo da história do Campeonato Paranaense de 1925. Um último capítulo escrito em letras rubro-negras.

A partida foi bastante equilibrada, devido ao bom nível dos dois times. No 1º tempo, o Atlético conseguiu impor um melhor ritmo, mas esbarrou nas boas defesas do goleiro Alberto. Faltando três minutos para o fim da primeira etapa, o jogo esquentou com o gol de Carneiro, numa investida isolada do ataque savoiano. Mas o Atlético reagiu e conseguiu empatar nos segundos finais: Urbino fez boa jogada, fintou os zagueiros e marcou um bonito gol.

A confiança no título era tamanha que, já no intervalo, os torcedores atleticanos comemoravam a conquista, tamanha superioridade em campo.

No início do 2º tempo, o bom volume de jogo se traduziu em gols. Marrequinho fez o segundo e, com o time mantendo o mesmo ritmo, marcou o terceiro também. 3 a 1 para o rubro-negro. Nos minutos finais, o Savóia ainda teve um pênalti a seu favor, mas a cobrança de Emílio foi na trave.

Na comemoração do primeiro título de sua história, o torcedor atleticano mostrou porquê é o mais fanático do futebol paranaense. Houve invasão de gramado e passeata até a Rua XV. A empolgação dos rubro-negros contagiou a cidade e mereceu destaque da imprensa: “Nunca assistimos em nossa capital uma manifestação esportiva de tão grande vulto. Incorporados, inúmeros afeiçoados do glorioso C.A. Paranaense, conjuntamente com jogadores dos 1º e 2º quadros, trazendo à frente o pavilhão do clube, fizeram uma grande passeata por diversas ruas da cidade, findando na Rua XV” (O Estado do Paraná, 20/01/1926). Era a festa da primeira, das muitas outras conquistas atleticanas.

Final - Paranaense - (17/01/1926) - Atlético 3 x 1 Savóia
L:
Baixada; A: Quintiliano Pedroso; G: Carneiro, Urbino e Marreco (2).

ATLÉTICO: Tapyr; Harold e Marrecão; Lourival, Falcine e Nano; Ary, Marreco, Urbino, Maneco e Motta.

  SAVÓIA: Alberto; Rosa e Piero; Orlando, Ermelino e Carneiro; Merlin, Henrique, Emilio, Albino e Tony.

Campanha

12 jogos: 8 vitórias / 3 empates / 1 derrota / 37 GP / 15 GC

1º turno:
17/05 – Atlético 1 x 0 Savóia
14/06 – Coritiba 3 x 3 Atlético
16/08 – Atlético 7 x 1 Paraná
20/09 – Atlético 5 x 1 Campo Alegre
04/10 – Atlético 8 x 1 Universal
18/10 – Atlético 2 x 1 Palestra Itália
08/11 – Atlético 2 x 1 Britânia

2º turno:
22/11 – Savóia 1 x 3 Atlético
13/12 – Atlético 1 x 1 Coritiba
27/12 – Britânia 3 x 1 Atlético

Decisão extra:
10/01 – Savóia 1 x 1 Atlético
17/01 – Atlético 3 x 1 Savóia

Artilheiros
Urbino – 15 gols (artilheiro do campeonato)
Motta – 6 gols
Marreco – 6 gols
Manequinho – 3 gols
Ary – 2 gols
Mallelo, Bororó, Falcine – 1 gol

Personagens

Urbino: autor de 15 dos 37 gols que o Atlético marcou no campeonato, Urbino Medeiros era a principal referência no ataque atleticano. Além de terminar a temporada com a faixa de campeão, foi também o artilheiro do campeonato e o principal jogador do ano no futebol paranaense.

Tapyr: foi o jogador que menos atuou durante a temporada, mas o mais importante na conquista do título. O goleiro Tapyr entrou nas partidas decisivas contra o Savóia devido à forte gripe do titular Tércio. Entrou em campo como o salvador da meta atleticana, conforme destacou a Gazeta do Povo daquela época: “não é apenas um campeão, mas o herói do campeonato de 1925” .

Marreco: Leônidas Gonçalves era o meia-direita do time do Atlético. Marcou seis gols no Paranaense, dois na partida decisiva contra o Savóia, e se destacou em todas as apresentações atleticanas. Baixo e entroncado, andava e corria balanceando o corpo da cintura para cima, numa espécie de ginga. Valente, lutador e falador, sua característica era gritar em campo. Tinha senso de oportunismo como poucos. Era vibrante a ponto de contagiar os demais companheiros. Chutava em qualquer posição que recebesse a bola, chute violento, quase sempre à meia-altura. Identificou-se com torcida e com o clube, sendo um dos primeiros torcedores fanáticos do rubro-negro da Baixada.

Marrecão: zagueiro atleticano, José Gonçalves Júnior, o Marrecão, era irmão do meia Marreco. Capitão do time campeão, ele foi considerado mestre e líder do time. O apelido veio em alusão aos marrecos que povoavam a Praça Carlos Gomes, em Curitiba. Atuou de forma magnífica em todos os jogos do Campeonato de 25, principalmente os que foram disputados em baixo de chuva.

Curiosidades

•  Por determinação da Associação Sportiva Paranaense, o jogo de desempate entre Atlético e Savóia teve apenas 80 minutos de duração.

•  Para comemorar o primeiro título do Atlético, o compositor Octavio Secundino criou uma música para a vitória:

“Esse conjunto formoso
Do Atlético vitorioso
Eu brindo de coração
Como invencível campeão.

A sua linha de ação,
Sem outra em comparação
A mim só deixa orgulhoso
Por sabê-lo tão formoso.

Rubro-negro cor de glória
No nosso desporto a história
Registra-o com simpatia.

Atlético Paranaense
O clube que aos outros vence
Com denodo e galhardia
Bosque do Água Verde, em Curitiba.”