Ricardo Pinto
goleiro
 

Nome:

 

Ricardo Pinto.

  Nascimento:   Cachoeiro do Itapemirim (ES), 23.01.1965.
  Posição:   goleiro.
  Clubes:   Fluminense, Cerro Porteño, Americano, União São João, Corinthians, Atlético, Inter de Limeira, Iraty, Goiás e Joinville.
  No Atlético:   1995 a 1997. Campeão brasileiro da Série B em 1995.
       

Se jogar num time como o Atlético é privilégio de poucos, cair nas graças da fanática e apaixonada torcida atleticana é tarefa para pouquíssimos. E Ricardo Pinto conseguiu. No mesmo gol em que Caju virou lenda dentro do futebol paranaense, Ricardo conseguiu provocar idolatria. Transformou-se em ídolo pela eficiência dentro de campo aliada a sua lealdade em relação ao Atlético. "Eu era apaixonado, me envolvi com o clube, com a torcida", revelou.

Ricardo Pinto começou a carreira em 1982, na Desportiva Ferroviária. Em 84, foi para o time de juniores do Fluminense, conquistando em 86 a Taça São Paulo. Profissionalizou-se no ano seguinte, assegurando a posição de titular em 88. Com a camisa do tricolor carioca, conquistou duas vezes a Copa Rio e uma a Taça Guanabara. Em 92, foi para o Cerro Porteño, do Paraguai, onde foi campeão nacional. Em 94, jogou no Americano de Campos e, em seguida, no União São João de Araras e Corinthians.

Depois de muito peregrinar, Ricardo sabia que faltava se firmar num grande time. Insatisfeito na reserva de Ronaldo, tomou uma decisão: era hora de arriscar. E o convite para jogar no Atlético veio em boa hora, apesar das informações não muito empolgantes que recebeu, de um time que não pagava em dia e que sofria problemas administrativos. “Era o início de toda essa mudança que o Atlético sofreu. Mas eu queria jogar e decidi vir. Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida”, disse, afirmando que só veio por acreditar e confiar no projeto da diretoria, liderada por Mário Celso Petraglia.

Em agosto de 1995, Ricardo Pinto desembarcou na Baixada e foi uma espécie de amor à primeira vista. Em pouco tempo, seu espírito de garra e determinação, aliado à identificação com a torcida, elevaram-no à condição de líder do time. Era o que faltava para ser incluído no altar dos heróis inesquecíveis do clube. Por dois anos, a velha Baixada foi palco de um verdadeiro ritual: em todos os jogos, Ricardo ia para o aquecimento no gol dos fundos e a recepção era contagiante. Não era por obrigação. Havia um algo mais, uma química, que ligava o goleiro ao torcedor. E o estádio inteiro, em pé, aplaudia o camisa 1 sob o coro: “êo! êo! O Ricardo é um terror!”.

Sua estréia no Atlético foi em 7 de setembro de 1995, contra o Americano, em Campos, no empate por 0 a 0. Desde esse jogo, sabia qual era a sua missão: ajudar o Atlético a voltar para a elite do futebol nacional. No dia 10 de dezembro, contra o Mogi Mirim, viveu sua maior emoção com a camisa rubro-negra, garantindo a vaga antecipada para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Missão cumprida, Ricardo e os demais companheiros comemoraram, seis dias depois, a conquista da Série B, seu único título como atleta do clube.

Entre 95 e 96, foi visto como a própria imagem do Atlético: vibrante, vitorioso, que deu a volta por cima. Em 96, Ricardo Pinto foi um dos principais personagens do Atlético na brilhante campanha no Brasileirão. Mas as boas apresentações foram interrompidas por um ato de covardia e extrema violência de torcedores do Fluminense quando, após a vitória rubro-negra por 3 a 2, nas Laranjeiras, os jogadores do Atlético sentiram a fúria da torcida tricolor. Ricardo foi o mais atingido, tendo que se submeter a uma cirurgia no cérebro, para a retirada de um coágulo. O que se viu em Curitiba foi uma verdadeira comoção, num misto de apoio ao jogador e raiva do adversário – rivalidade que existe até hoje entre as duas torcidas. A partir desse momento, Ricardo confessa que perdeu a empolgação com o esporte.

Mesmo depois desse incidente, ele ainda continuou no Atlético. No segundo semestre de 1997, foi dispensado pela diretoria, que considerava que seu ciclo no Furacão havia se encerrado e era hora de dar uma oportunidade ao reserva Flávio. Depois que saiu do clube, Ricardo ainda atuou pela Inter de Limeira, Iraty, Goiás, encerrando a carreira pelo Joinville.

Mas o carinho pelas cores atleticanas permanecia e em 99 teve uma curta experiência como treinador do time de juniores do Atlético. Em 2001, voltou ao clube, como treinador de goleiros, ajudando, mesmo que não dentro de campo, o Atlético a conquistar seu principal título em 80 anos de história. “O Flávio sendo campeão brasileiro era como se eu estivesse lá. Naquele momento, eu me senti completamente campeão brasileiro”, disse.

Atualmente, Ricardo tem uma escolinha de futebol em Curitiba e ainda se aventura no futebol amador da cidade. Como técnico, já dirigiu o Operário Ferroviário e o Marcílio Dias. Mas faz questão de ressaltar: “Os meus momentos de alegria, de prazer em jogar existem graças ao Atlético. O Atlético é a minha razão de gostar de futebol até hoje”, completa.

E essa ligação entre Ricardo Pinto, Atlético e atleticanos parece não ter fim. Recentemente, ele pôde sentir novamente o carinho do torcedor, depois de passar dias à deriva no litoral paranaense, depois de uma pescaria frustrada.

A relação entre o ex-goleiro e eterno ídolo com o clube é passional. De jogador, Ricardo se transformou em ídolo e torcedor. Talvez, por isso, tenha conseguido encarnar a mística atleticana, de que a camisa rubro-negra, só se veste por amor.