Por ironia, esse apaixonado atleticano começou a jogar no Coritiba, em 1938. Não porque torcia para o time, mas apenas porque era o clube mais próximo de sua casa, no Juvevê. Iniciou nas categorias de base e chegou a disputar algumas partidas pelo profissional. Um ano mais tarde, desembarcaria na Baixada.
Mas para chegar ao Atlético, Nilo Biazetto teve de prestar concurso no Banco do Estado. A princípio, não se pode imaginar qual a ligação do rubro-negro com o banco. Porém, a trajetória de Nilo no futebol seguiu sua trajetória profissional. Os principais diretores do Banco do Estado eram atleticanos, assim como toda a elite paranaense da década de 40. Quando prestou o concurso, Nilo foi aprovado em quarto lugar, mas só poderia trabalhar caso aceitasse o convite para atuar pelo Atlético. Aconselhado por seu pai, Nilo trocou de time e nunca se arrependeu.
Tinha dezoito anos quando assumiu o cargo no banco e a posição no time. Nilo foi campeão com o Atlético em 1943, 45 e 49. Quarto-zagueiro, especialista em bolas altas, deixou propostas de Botafogo, Flamengo e Fluminense de lado para continuar vestindo a camisa rubro-negra.
Pendurou as chuteiras quando o contador geral do banco lhe disse que teria que escolher entre o Atlético e o banco. Aos 27 anos, Nilo estava tomando a decisão que o levaria à diretoria do banco e, posteriormente, à presidência da Associação Banestado e do Sindicato dos Bancários do Paraná. Com isso, o Atlético perdeu um de seus grandes zagueiros, mas Nilo pôde construir uma brilhante carreira como bancário e empresário.
Mesmo assim, ele nunca se afastou definitivamente do rubro-negro. Quando parou com a bola, Nilo virou conselheiro e chegou à presidência do Conselho Deliberativo do Atlético em 2002, um dos maiores orgulhos de sua vida. Atendendo a um convite de Mário Celso Petraglia, ajudou a consolidar a situação administrativa do Conselho quando houve uma cisão e o Atlético precisava de uma unificação, após o título de maior importância do time. Mesmo sem conseguir a união, pôde se satisfazer ao menos com a pacificação do clima político do clube.
Os títulos foram a maior recordações de todos os tempos em que esteve no Atlético, mas ser o capitão de um dos melhores times montados pelo clube e, que recebeu o apelido que o consagra até hoje, foi a maior emoção. Nilo era capitão do time de 49, quando o Atlético ficou conhecido como Furacão. Ao lado da presidência do Conselho, essas foram as maiores emoções de sua vida.