Autor de 124 gols com a camisa atleticana, Kléber tinha tudo para se transformar no maior artilheiro da história do clube. Faltaram apenas trinta para chegar à marca de Sicupira, que balançou 154 vezes as redes com a camisa rubro-negra. A diferença poderia ter sido ainda menor, mas Kléber perdeu dezesseis pênaltis pelo Furacão, deixando para trás a oportunidade de se consagrar como o maior goleador do Atlético. Ele é o terceiro na lista, atrás também de Jackson.
Kléber João Boas Pereira começou a carreira no Moto Clube. Passou pelo Náutico, Sion, da Suíça, onde foi campeão nacional em 1997, chegando ao Atlético em 99. Artilheiro por onde passou, no Furacão externou sua vocação de “Incendiário”. Tornou-se folclórico e fez o atleticano aprender, na marra, a ter paciência.
Kléber tornou-se polêmico antes mesmo de chegar ao Atlético. Sua contratação foi longa e extremamente desgastante. O diretor Antonio Carletto Sobrinho viajou diversas vezes para São Luís até convencer o Moto Clube a liberar o atacante. Depois da missão cumprida, teve ainda de lutar para conseguir embarcar o jogador em um avião para Curitiba. Kléber foi contratado juntamente com o lateral-esquerda Vanin, cuja presença mais importante foi na inauguração da Arena da Baixada, quando marcou o gol da vitória contra o Cerro Porteño.
Na primeira temporada no clube, Kléber marcou 18 gols e ajudou o Atlético a projetar seu nome no cenário nacional com a conquista do Torneio Seletivo. Formava, ao lado de Adriano, Lucas e Kelly, o “quadrado mágico” da Baixada, revezando-se nas jogadas de ataque e infernizando as defesas adversárias. Em 2000, foram 31 gols e em 2002, 25. Mas seu grande desempenho foi em 2001, quando marcou 50 gols e recebeu o prêmio “Chuteira de Ouro” da revista Placar como o maior artilheiro do Brasil.
O artilheiro do ano foi um dos maiores responsáveis pela conquista do título brasileiro do Atlético, em 2001. A grande atuação de Kléber foi na primeira fase da competição, quando marcou 16 gols, ajudando o Atlético a garantir o segundo lugar na classificação, o que se transformou em fundamental na conquista do título, dando o direito do Furacão jogar na Arena os jogos das quartas e semifinais.
Em três anos de Atlético, Kléber teve uma relação de amor e ódio com o torcedor. Era amado quando protagonizava lances de pura magia, com golaços que encantavam as arquibancadas. Mas também foi bastante odiado, perdendo gols sem goleiro, só pelo capricho de dar um drible a mais em algum defensor. Num Atletiba em 2002, chegou a parar o ataque para apanhar sua correntinha que havia caído no gramado. Kléber era assim: imprevisível. O simples nunca lhe satisfazia. Ele gostava do espetáculo, dos gols de placa, mesmo que isso lhe rendesse algumas críticas e vaias das arquibancadas.
Com a camisa atleticana, conquistou cinco títulos: Seletiva (99), Brasileiro (2001) e o inédito tricampeonto paranaense (2000, 2001 e 2002). No Paranaense de 2001, ficou também com o posto de maior artilheiro da competição, com 22 gols.
Sua história no Atlético terminou em 2002. Kléber queria sair, conhecer outros ares. Foi negociado com o futebol mexicano, indo, ao lado de Alex Mineiro, para o Tigres. Porém, a dupla não conseguiu repetir no México o sucesso alcançado na Baixada. Alex logo retornou ao Atlético, mas Kléber se manteve firme no futebol mexicano. Depois de uma passagem pelo Veracruz, foi para o América, um dos times mais tradicionais do país.