Desde os tempos de Pelé, no Santos, existe a mística de que a camisa número 10 dos times é reservada para o craque, a principal estrela do elenco. Nos dois anos em que vestiu a camisa 10 atleticana, Kelly foi considerado o ponto de equilíbrio do time, fazendo valer essa máxima. Um dos vértices do famoso “quadrado mágico” atleticano, formado ao lado de Adriano, Lucas e Kleber, Clesly Evandro Guimarães viveu sua fase de ouro no futebol atuando pelo Atlético.
Despontou no cenário nacional jogando pelo Bragantino, quando foi rotulado pela imprensa como um novo craque, um fenômeno do mundo da bola. Jogava como centroavante, fixo na área e era um excelente goleador. Rapidamente, foi negociado com o Logroñes, da Espanha. Porém, faltou-lhe estrutura para a fama repentina e ele caiu no ostracismo. Voltou para o futebol brasileiro para atuar no Lousano Paulista. Na época, o clube tinha uma parceria com o Atlético, que se interessou pelo jovem valor. Quase ao mesmo tempo, o Flamengo também foi atrás de Kelly.
Deu-se a disputa e, mesmo em Curitiba, Kelly ficou impossibilitado de jogar. O Flamengo alegava que tinha uma assinatura do procurador do atleta, autorizando a transferências. Depois de alguns meses de espera, os dois clubes definiram o seguinte: Kelly jogaria por seis meses no Flamengo e, depois, viria para o Atlético. Foi o que aconteceu.
No Furacão, aos poucos foi mostrando o talento com a bola nos pés. A primeira atitude foi mudar de posição. Deixou de ser o camisa 9 e virou 10. Passou a armar as jogadas e foi nesta função que se descobriu um craque. Formava ao lado de Lucas, Kléber e Adriano o quarteto ideal, um completando o outro. Enquanto Lucas e Kléber eram os responsáveis por traduzir em gols as jogadas criadas pelos companheiros e Adriano impunha velocidade às jogadas ofensivas do time, Kelly era o mentor intelectual dos ataques do Atlético. Quando a bola chegava aos seus pés, sabia que seria muito bem tratada, ganhando o charme e o talento que encantaram o torcedor.
De 98 a 2000, Kelly foi o principal responsável pelas principais jogadas e lançamentos precisos que resultaram em gols, vitórias e títulos para o Atlético. Além do famoso "quadrado mágico", participou também do “K-3 atleticano”, o lado de Kleberson e Kleber.
Com a camisa do Atlético, Kelly conquistou quatro títulos: os Paranaenses de 98 e 2000, a Copa Paraná de 98, além da Seletiva 99. Em 2000, teve importante participação na Taça Libertadores da América, ajudando a projetar o nome do clube no cenário internacional.
Depois de brilhar na Libertadores e conquistar o título de Campeão Paranaense em 2000, Kelly foi negociado com o FC Tokyo. Brilhou no futebol japonês e voltou ao Brasil, onde defendeu o Cruzeiro. Atualmente, joga no Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos.
Ponto de equilíbrio, mentor-intelectual, cérebro do time. Adjetivos não faltam para resumir a passagem de Kelly pelo Atlético. Adepto do futebol-arte, conseguiu traduzir em gols e títulos as belas jogadas que era capaz de produzir, fazendo com que o espetáculo do mundo da bola ganhasse vida nos jogos do Atlético.