Ao longo da história, o Atlético teve vários jogadores que viraram ídolos estufando a rede dos adversários. Contudo, nem sempre os grandes artilheiros tiveram o mesmo desempenho nos clássicos contra o arqui-rival. Kléber e Oséas são apenas dois bons exemplos de ídolos da torcida que marcaram poucos gols contra o Coritiba.
Joel foi o oposto. O ex-atacante não chega a ter uma marca global de gols expressiva, mesmo por não ter permanecido no Atlético por muito tempo. Porém, a defesa alviverde era presa fácil do então jovem atacante, que fuzilou o goleiro Jairo duas vezes nas finais do Campeonato Paranaense de 1983, dando o bicampeonato estadual ao rubro-negro depois de 53 anos.
Parece que o destino de Joel era mesmo jogar no Atlético. Torcedor do Colorado, o jogador teve uma grande decepção quando o clube da Vila Capanema sequer o permitiu participar de testes para entrar no time. Ademais, Joel chegou a jogar no dente-de-leite do Coritiba em 1975, mas foi salvo por um primo que o convocou para trabalhar, fazendo-o desistir do futebol. Em 1979, entretanto, um conhecido convenceu-o a fazer testes no juvenil Atlético, onde encontrou Benedito Bandeira, que fora seu treinador no Alto da Glória.
Em 1980, Joel já era jogador do profissional. No entanto, a situação do Atlético não era nada boa. O clube disputava o Torneio da Morte, que definia os rebaixados para a Segunda Divisão do Campeonato Paranaense. O centroavante chegou a entrar em alguns jogos, e o Furacão acabou escapando do rebaixamento. Joel, entretanto, não escapava do banco de reservas. Isto porque o titular da posição era ninguém menos do que Washington. Em 1982, chegou a ser emprestado ao Matsubara de Cambará para a disputa da Taça São Paulo de Juniores. No ano seguinte, após a negociação de Washington e Assis para o Fluminense, veio a tão sonhada chance de se firmar como dono da posição.
E 1983 foi, definitivamente, o melhor ano da carreira de Joel. Mesmo com apenas 20 anos, o novo dono da camisa 9 caiu nas graças da torcida, transformando-se no goleador do Atlético no Paranaense. Só o Coritiba foi carimbado cinco vezes pelo centroavante. Joel, assim como os atleticanos vivos à época, certamente nunca esquecerá daquelas finais. O artilheiro marcou tanto na vitória (1 a 0) do primeiro jogo, quanto no empate (1 a 1) que consagrou o rubro-negro como bicampeão.
Mas a alegria não durou muito tempo. No início do ano seguinte, ele teve problemas no nervo ciático, e ficou afastado dos gramados por 10 meses. Depois de recuperado, foi negociado com o futebol catarinense, onde foi vice-artilheiro do certame estadual atuando pelo Marcílio Dias. Chegou a voltar ao Atlético em 1985, para ser novamente campeão paranaense, mas mais uma vez acabou retornando para Santa Catarina.
Sua última “volta” para o Atlético foi em 1988. Já no começo do ano, o jogador foi dispensado após chegar atrasado para um treinamento. Joel alegou que teve de levar um filho ao médico, mas o técnico Nelsinho não aceitou as desculpas do jogador, que encerrava, assim, sua participação no Furacão.
Surgiram algumas propostas para jogar na Europa, mas não houve acerto entre o Atlético e os clubes estrangeiros interessados em sua contratação. Assim, o jeito foi voltar ao Brasil, onde atuou em times de menor expressão.
Em 1993, Joel, aos 31 anos, abandonou os gramados e voltou para Curitiba para trabalhar como gerente do supermercado de um amigo. Mas, depois de três anos, o ex-jogador voltou ao mundo da bola, desta vez para trabalhar como treinador no futebol amador. Chegou a trabalhar nas escolinhas do Atlético, mas não deu certo. Mesmo assim, o coração de Joel continua batendo pelo Atlético.