Ambos nasceram no mesmo ano: 1924. "O Atlético nasceu para me esperar", afirma ele, com orgulho. Mas não é apenas a coincidência das datas que o faz se denominar um "autêntico atleticano". Jackson Nascimento é um dos maiores jogadores da história do Atlético, capitão do time de 1949, considerado até hoje a melhor formação do futebol paranaense de todos os tempos. Mesmo depois de abandonar as chuteiras, continuou ligado ao clube, exercendo alguns cargos administrativos. “Tem duas coisas que eu não admito em minha vida: mexer com a minha moral e falar mal do Atlético”, afirma convicto, mostrando um sentimento comum a qualquer rubro-negro.
Natural de Paranaguá, Jackson começou a carreira em Antonina, jogando pelo Atlético local. Sua inspiração foi o pai, José Thomaz, seu torcedor mais fiel e um dos fundadores do Atlético Antoninense. Aos onze anos, veio estudar em Curitiba e foi morar no internato do Liceu Rio Branco. Chegou aos médios do Atlético quatro anos depois, por intermédio do dono do internato. Tempo depois, passou no vestibular para Engenharia, conciliando os estudos com a carreira esportiva. Mas, ao contrair tifo, teve de abandonar tudo na capital e voltar para a cidade litorânea.
Em 1942, voltou para Curitiba, agora atuando no time juvenil do Atlético. Naquela época, o time era formado por estudantes da elite curitibana, que dividiam os estudos com o futebol. Assim, entrou na Faculdade de Direito, concluindo o curso em 1951.
Em 1944, Jackson se profissionalizou e substituiu Lupércio, meia-direita titular no time campeão estadual de 1943, que voltou para São Paulo. Atuou por algumas partidas como meia-direita, mas depois se firmou como meia-esquerda, formando com Cireno uma das melhores duplas ofensivas da história do clube. Mas, ao contrário do amigo, Jackson sempre teve uma postura mais contida em campo, o que lhe garantiu o Prêmio Belfort Duarte, concedido aos atletas que nunca foram expulsos na carreira.
Jackson jogou no Atlético de 1944 a 1949, integrando o Furacão campeão de 49, muitas vezes como capitão da equipe. Como jogador, foi campeão paranaense em 45 e 49. Em 1951, foi transferido para o Corinthians, onde também virou ídolo, consagrando-se bicampeão paulista em 1951 e 1952. Mas o amor pelo rubro-negro não cessou. Dois anos depois, voltou a vestir a camisa rubro-negra, sendo o principal artilheiro do Paranaense de 53, com 21 gols. Encerrou a carreira profissional em 54 e ainda teve pique para compor a comissão técnica atleticana em 1958, quando, ao lado de Caju e Pedro Sthengel Guimarães, ajudou o Atlético a ser campeão estadual daquele ano. Passou ainda cerca de dez anos participando ativamente do dia-a-dia do clube, como diretor de patrimônio e de futebol do rubro-negro.
Habilidoso e bom chutador, Jackson é o segundo maior artilheiro da história do Atlético, com 140 gols, atrás apenas de Sicupira. Mesmo depois de ter se desligado da administração do clube, continuou acompanhando os jogos e vibrando pelo rubro-negro de coração.
Jackson foi eleito para integrar a Seleção dos 80 Anos do Atlético.