Quando Jofre Cabral e Silva foi eleito presidente do Atlético, em 1967, assumiu um compromisso consigo mesmo e com a nação atleticana. Formaria um time capaz de voltar a dar alegrias ao torcedor, tão machucado na década de 60. Visionário, Jofre resolveu trazer grandes craques do futebol brasileiro, alguns com passagem até pela Seleção Brasileira. O resultado foi uma revolução no futebol paranaense. Os títulos não vieram, mas, em compensação, a torcida pôde se satisfazer com o belo futebol do time. O principal astro foi justamente o eterno capitão da Seleção, Hideraldo Luís Bellini.
O paulistano Bellini chegou ao Furacão no começo de 68 e aqui encerrou sua vitoriosa carreira. O atleta começou a jogar futebol em times pequenos até ser descoberto pelo Vasco da Gama, em 1952. No time carioca, além de conquistar a torcida e se tornar um de seus maiores ídolos, conquistou também três títulos estaduais, em 52, 56 e 58. Durante os onze anos em que permaneceu no Vasco, Bellini teve os mais gloriosos anos de sua carreira. Além do tricampeonato carioca, foi convocado para a Seleção Brasileira pelo técnico Vicente Feola, tornou-se o primeiro capitão a conquistar um título mundial e ficou marcado na memória dos brasileiros pelo famoso gesto, repetido até hoje, de erguer a taça.
O sucesso do futebol do zagueiro era tão grande que ele foi convocado novamente para a Copa seguinte. Sem a braçadeira de capitão, que acabou no braço do amigo e companheiro Mauro, Bellini ajudou o Brasil a tornar-se bicampeão mundial. Mas a condição de reserva no Chile não abateu o jogador e muito menos diminuiu seu futebol. Quando retornou de sua segunda Copa, foi negociado com o São Paulo, onde jogou por cinco anos.
Bellini não era técnico. Pelo contrário, sua principal característica era o vigor físico, a excelente impulsão e o ótimo posicionamento. Além disso, seu espírito de liderança e a disposição para treinar foram características que contribuíram para sua carreira gloriosa. Quando chegou ao Atlético, Bellini tinha quase 38 anos. Era bicampeão mundial e consagrado internacionalmente. Mas nem por isso perdeu a humildade. Tratava a todos de modo igual, desde o juvenil até o presidente.
Comandou a zaga atleticana na brilhante campanha do Campeonato Paranaense de 1968, mas infelizmente não conseguiu ser campeão. Não foi brilhante no Atlético, mas deixou uma ótima lembrança em sua passagem pelo clube. Angariou uma legião de novos torcedores e foi um dos ídolos do time, ao lado de Djalma Santos.
Quando pendurou as chuteiras, Bellini trocou a bola dos gramados pelas bolas das mesas de feltro. Ele virou o rei da sinuca no bairro em que mora, em São Paulo. Sem conseguir manter-se longe dos campos de futebol, o ex-zagueiro ficou responsável pelas escolinhas de futebol do São Paulo.