Flávio A camisa número 1 do Atlético já pertenceu a figuras lendárias como Caju, Laio, Roberto Costa, Rafael, Marolla e Ricardo Pinto. Seguindo a mística de que todo grande time começa com um grande goleiro, o Atlético contou por sete anos com o talento do alagoano Flávio. Talvez o "Pantera" não tenha sido o melhor goleiro da história do clube, mas certamente foi o mais vencedor. Conquistou oito títulos com a camisa atleticana, participando como titular de sete deles. Flávio começou a carreira no CSA, de Alagoas, onde foi bicampeão estadual. Chegou ao Atlético em agosto de 1995 e fez sua estréia no time dias depois, no primeiro jogo do Brasileiro da Série B, contra o Goiatuba. A primeira impressão não foi muito boa (o Atlético perdeu por 2 a 0) e Flávio perdeu a vaga no time. Primeiro para Bira, depois para Ricardo Pinto. Mesmo com a condição de reserva – em algumas vezes sequer foi relacionado para as partidas – decidiu continuar trabalhando forte. Nos treinamentos, mostrava agilidade e boa colocação, deixando a certeza de que poderia substituir o titular com a mesma eficiência. Em 1996, a tão sonhada chance apareceu. Nas rodadas finais do Brasileiro, Ricardo Pinto desfalcou o time, depois de ser covardemente agredido pela torcida do Fluminense. Mas o técnico Evaristo de Macedo preferiu contar com o veterano Ivan, mantendo Flávio na reserva. Apesar do duro golpe, Flávio continuou trabalhando com a mesma seriedade – uma marca em sua carreira. Mas, nos dois primeiros anos, poucas foram as chances de mostrar seu potencial. A grande oportunidade veio quando Ricardo Pinto deixou o clube. Flávio sabia: era a sua chance, a sua hora. Com a oportunidade lhe conferida pelo técnico Abel Braga, veio também a responsabilidade de transmitir segurança, tanto para o time quanto para a torcida. Responsabilidade maior pois ele estava substituindo um grande ídolo e, no início, as comparações eram inevitáveis. Tudo isso acabou pesando nos primeiros jogos. Mas, aos poucos, Flávio conseguiu mostrar o seu talento e escrever a sua história dentro do clube. Para contar com um atleta mais completo, o Atlético decidiu fazer uma carga de exercícios físicos especial para o goleiro, que ganhou massa muscular, aumentando a agilidade e os reflexos. E esses dois fatores foram fundamentais para o Furacão, pois Flávio conseguiu evitar muitos gols, garantindo vitórias decisivas em várias conquistas do clube. Em 1999, o "salvador" viveu seu dia de vilão: no dia 25 de agosto, o Atlético perdeu para o Internacional, na primeira derrota dentro da nova Baixada. A torcida elegeu o goleiro como principal culpado e Flávio, cabisbaixo, atravessou todo gramado sozinho, sob o coro de "frangueiro". Naquela noite, em plena Arena da Baixada, nascia um herói. Ele levantou a cabeça e continuou trabalhando firme, na esperança de fazer com que um dia o torcedor engolisse aquelas vaias. E não foram duas nem três vezes, mas várias, que ele saiu de campo aplaudido, como o principal nome do time. As principais qualidades de Flávio eram a agilidade e o reflexo. Dotado de uma condição física invejável, o goleiro foi responsável por defesas históricas, nas quais ele empregou velocidade fora do comum para evitar o gol. Uma de suas defesas mais marcantes foi na segunda partida da final do Campeonato Paranaense de 2001, contra o Paraná. Ele evitou de modo incrível o gol paranista e puxou o contra-ataque que deu origem ao primeiro gol atleticano, marcado por Alex Mineiro. Além do Brasileiro da Série B de 95, conquistado na reserva, Flávio acumulou também os títulos da Copa Paraná 98, Paranaense 98, 2000, 2001 e 2002, Seletiva 99, e o mais importante de todos, o Brasileiro 2001. Um currículo invejável, ganhando tudo com a camisa rubro-negra. Com um histórico desses, o "Pantera", apelido dado pelo jornalista Carneiro Neto devido à agilidade e velocidade com que se atira para praticar as defesas, sabe que ocupa um lugar especial dentro da seleta galeria de heróis do rubro-negro. E deixou o clube com a certeza de que soube manter a mística de bons goleiros que defenderam o Furacão em 80 anos de história.
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