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Manoel Aranha (1943 a 45)

Manoel Aranha foi presidente do Atlético por apenas três anos, mas é considerado por muitos um dos maiores dirigentes que já passaram pelo clube. Para se ter uma idéia, sob seu comando o rubro-negro foi campeão paranaense duas vezes (43 e 45) e vice no outro ano (44). No campo administrativo, Aranha produziu uma verdadeira revolução, profissionalizando o clube e gerando um processo que acabou por beneficiar todo o futebol paranaense.

Manoel Aranha era gaúcho de nascimento, mas na maturidade escolheu o Paraná para viver. Filho do Coronel Euclides de Sousa Aranha e de Luísa de Freitas Vale Aranha, teve dez irmãos. O mais famoso deles foi Osvaldo Aranha, que participou ativamente da Revolução de 1930 e, entre outras funções, foi Ministro da Justiça, das Relações Exteriores e da Fazenda e representante do Brasil na primeira Assembléia da ONU.

Seguindo a carreira militar do pai, Manoel Aranha chegou ao posto de capitão do Exército, servindo no Rio de Janeiro, então capital federal. Em maio de 1938, um incidente até hoje mal explicado acabou lhe custando a reforma. Integralistas comandaram um atentado contra o Presidente Getúlio Vargas. Um dos líderes do movimento foi o tenente Severo Fournier, que conseguiu refúgio na Embaixada Italiana graças à ajuda de colegas militares. Ele foi transportado no porta-malas de um carro que levava os capitães Manoel Aranha, Paiva, Lacerda e Maia. Os quatro foram reformados por decreto do Ministro da Guerra, Eurico Dutra (que depois viria a ser presidente do Brasil). Osvaldo Aranha tentou interceder pelo irmão e chegou até a pedir demissão, prontamente recusada por Getúlio Vargas.

Como resultado, Manoel Aranha mudou-se do Rio de Janeiro para Curitiba. Rapidamente adaptou-se à sociedade curitibana e passou a freqüentar os melhores círculos. Como não poderia ser diferente, passou a viver o ambiente atleticano. Em 1943, foi indicado pelos conselheiros para a presidência do clube. Aceitando a empreitada, tratou do progresso do futebol paranaense.

Maneco Aranha, como era chamado pelos amigos, acreditava que o futebol caminhava para o profissionalismo e o Atlético não poderia ficar para trás. Portanto, o clube tinha de ser gerido com paixão, mas também com seriedade. Como primeira providência, tratou de reforçar o time de futebol. Contratou o ponta-direita Batista, o meia-esquerda Lilo e o meia-direita Lupércio. Com esses três reforços, o ataque do Atlético em 1943 passou a ser chamado de “o ataque mais caro da cidade”.

Logo depois, foi pioneiro na contratação de estrangeiros. Depois de uma viagem ao Paraguai, o Capitão Aranha contratou o meia-esquerda Ruben Aveiros, que havia disputado o Sul-Americano de 1942 pelo Paraguai. Com ele, chegou também o experiente Carbô, que acabou virando técnico do time.

No início de 1944, acertou a vinda de mais um reforço paraguaio: o ponta-esquerda Gorgonio Ibarrola, outro da Seleção. Com isso, o Atlético passou a contar com quatro jogadores que haviam disputado o Sul-Americano de 1942: além dos dois paraguaios, também os brasileiros Caju e Joanino. Com esse ótimo time, o Atlético foi campeão estadual de 1943 e, melhor, vencendo o Coritiba pela primeira vez em uma decisão. O título foi magnificamente comemorado, com diversas festas em toda a cidade e inclusive com a criação de uma música que serviria de inspiração ao hino oficial do clube, composto anos mais tarde.

No campeonato de 1944, o Atlético terminou em terceiro lugar, apenas um ponto atrás do campeão Ferroviário. Neste ano, Manoel Aranha protagonizou um episódio que entrou para história do futebol paranaense. Ele brigou fisicamente com o presidente Major Antônio do Couto Pereira, presidente do Coritiba. A discussão começou em razão da indefinição do local de um Atletiba de juvenis.

Contando com a base do time campeão de 43, o Atlético voltou a conquistar o título em 1945. As novidades foram as presenças mais constantes de Jackson e Cireno, o médio Lolô e o zagueiro Augusto. Essa equipe venceu o Coritiba mais uma vez na decisão e mereceu nova festa histórica, com muitas comemorações em toda a cidade. Neste ano, o Atlético foi campeão também de basquete e vôlei.

No dia 30 de dezembro de 1945, logo depois do título, o Capitão Aranha renunciou ao cargo de presidente. Alegou insatisfação com as ocorrências do segundo jogo da final. Naquele jogo, vencido pelo Atlético por 5 a 4, houve uma pancadaria generalizada e cenas de violência nunca vistas antes em nosso futebol. “Afastado da atividade diretiva, continuarei como mero espectador, fiel ao lema que nunca se esquece e nunca se desmente: uma vez Atlético, sempre Atlético” , escreveu Maneco Aranha em sua carta de renúncia.

Foi substituído interinamente na presidência por Erasmo Mäder, que logo em seguida foi eleito para completar o mandato no ano de 1946. Depois, Manoel Aranha acabou sendo convencido a aceitar a presidência da Federação Paranaense de Futebol, graças ao bom trabalho realizado no Atlético. Assumiu o cargo no fim de 1946 e dirigiu a entidade nos anos de 1947 e 1948.

Era considerado extremamente atencioso, fidalgo e que prezava a amizade. Exercia a liderança com naturalidade e era admirado por todos que conviviam com ele. Por justiça, acabou sendo reintegrado ao Exército e atingiu a patente de coronel.

Concorreu à Prefeitura de Curitiba em 1954, mas foi derrotado por outro atleticano: Ney Braga. Depois de sua morte, na década de 60, foi homenageado emprestando seu nome a uma rua no Bairro do Abranches.

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