Mário Celso Petraglia

Na Páscoa de 1995 o Coritiba goleou o Atlético por 5 x 1. A torcida rubro-negra que lotou a sua parte destinada no Couto Pereira, ao invés de ir embora, ficou de pé e cantou o hino do clube. Foi o momento em que Mário Celso Petraglia decidiu revolucionar o futebol paranaense.

De lá para cá o Furacão mudou completamente a sua filosofia. Pagou o que devia, estruturou-se, construiu o melhor estádio do Brasil, um dos CTs mais modernos do país e reconquistou a hegemonia no Estado.

Hoje Mário Celso Petraglia é Presidente do Conselho Deliberativo do rubro-negro e um dos responsáveis pelas negociações envolvendo atletas do clube com o exterior.

Passados quase uma década desde que o senhor assumiu o comando do Atlético, qual a análise que pode ser feita dos objetivos atingidos?
O planejamento foi previsto por dez anos: o primeiro qüinqüênio e o segundo qüinqüênio. Estamos aí entrando no nono ano de trabalho e logo estaremos complentando a década planejada. Eu diria que tudo o que nós escrevemos, e as pessoas têm conhecimento disso, nós conseguimos. Eu não diria que foi nem antes nem depois do tempo. Foi dentro do planejado. Agora estamos elaborando um planejamento para os próximos dez anos porque é um eterno e contínuo trabalho de crescimento, de desenvolvimento. Principalmente porque estamos a dez anos da Copa do Mundo que será realizada no Brasil, em 2014 e poderemos ter ainda, antes ou depois, as Olimpíadas, ou em 2012 ou em 2016. Então, o Brasil vai viver uma década de expectativa, de grande desenvolvimento para adaptação da nossa infra-estrutura para o esporte internacional. O Atlético quer acompanhar esse momento e nós estamos planejando como nós vamos estar inseridos nesse contexto todo. Creio que o único objetivo que nós não alcançamos nessa primeira década de trabalho foi o parceiro estratégico econômico-financeiro.

Que não é a Clear Channel?
Não. A Clear Channel é um parceiro para a solução do nosso problema de entretenimento, da Arena e do próprio CT. Será nosso parceiro para concluirmos a Arena e deixa-la com atividades sete dias por semana, como era o objetivo inicial. O que nós escrevemos era a busca de um parceiro econômico-financeiro, que entrasse com dinheiro, como aconteceu com o Flamengo, Grêmio, Cruzeiro, Corinthians, Vasco da Gama. Esses foram os primeiros clubes que tiveram investidores com grandes somas. Nós estávamos prontos para também receber esses valores numa segunda onda, que atingiria clubes não tão expressivos com torcida nacionalmente, pois temos de reconhecer que o Atlético é um clube ainda com força regional. Nesse momento, as parcerias quebraram, não tiveram sucesso, foi um horror e conseqüentemente os investidores se afastaram, foram embora.

Quanto tempo da sua vida o senhor dedica ao Atlético?
Não daria para quantificar o pensamento dedicado ao Atlético, mas muitas horas do dia e da noite, principalmente, eu gasto com reflexão, idéias, trabalhos. Eu sento no meu escritório e fico escrevendo à noite o que seria melhor para o Atlético, o que a gente pode fazer. Faço elaboração de planejamento de médio e longo prazos, fico refletindo muito e me inteirando na internet, em conversas com outros dirigentes e vendo o que está acontecendo no mundo e que vai passar aqui com dois ou três anos de retardo. Então, nós queremos estar sempre na frente e fazendo aquilo que é preciso para mantermos o Atlético nesse crescimento que foi desenhado. Agora, de trabalho objetivo durante o dia, hoje tem me tomado muito tempo. Muito mais do que eu disponho, mas é um momento extremamente difícil que o futebol brasileiro está vivendo, de transformação. Eu faço parte de várias comissões de estudos e trabalhos dentro do Clubes dos 13. Há uma necessidade muito grande de mudança de legislação. Os clubes, em quase sua totalidade, estão com grande dificuldade financeira e por isso nós precisamos envolver governo, mudar a infra-estrutura do futebol brasileiro. Há as novas leis, o Estatuto do Torcedor, que nos obriga a uma adaptação da nossa Arena e que estamos fazendo agora. Então, uma grande parte do meu dia, da minha semana e do meu mês de trabalho eu dedico ao Atlético Paranaense. Sem nenhum interesse, que fique claro, que não seja o de fazer o Atlético grande.

Qual o momento de maior satisfação pessoal que você viveu no Atlético?
O momento em que eu mais me emocionei, mais vibrei e senti o coração mais apertado foi no dia vinte e quatro de junho de 1999, quando nós inauguramos a nossa querida Arena da Baixada, o nosso querido Estádio Joaquim Américo, com a cara, com a modernidade, com o conforto, com a segurança que nós atleticanos sempre quisemos e sempre corremos atrás desse objetivo, mas que na história do Atlético nunca havíamos alcançado. E com a ajuda de todos os atleticanos, com o sacrifício muito grande, principalmente da torcida, que comprou cadeiras a custos altos, camarotes e todos aqueles que trabalharam, que ajudaram e que são inúmeras pessoas, a maioria anônimos. Então, aquele dia foi o dia em que maior alegria eu tive, em que o coração realmente apertou com muita força. E outro dia também, não tão intensamente, mas que me de uma satisfação muito grande foi o do último jogo em São Caetano, quando ganhamos o Campeonato Brasileiro. Naquele dia eu pude cumprir a promessa que eu havia feito à nossa nação atleticana que o Atlético seria campeão nacional. E vi estampada naquela massa rubro-negra que lá esteve naquele dia de chuva, de frio, num estádio acanhado, sem a menor condição, a alegria de ser campeão. Depois, quando chegamos aqui na carreata até a Baixada, vivemos um momento marcante, que eu jamais vou esquecer na minha vida.

 

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