Augusto Mafuz

Ele é polêmico por natureza. Não consegue esconder o que sente. Assim é Augusto Mafuz, um dos maiores colunistas de futebol do Brasil e profundo conhecedor das leis esportivas do nosso país.

Há quase 40 anos morando em Curitiba, Mafuz chegou a esconder sua predileção pelo Atlético na época em que trabalhava como setorista no Coritiba. Foi só o rubro-negro marcar um gol num Atletiba para que a casa desmoronasse.

Pela primeira vez ele foi entrevistado por um veículo eletrônico e fala sobre a paixão pelo clube, os momentos de alegria e tristeza que já passou com o Furacão e trabalhar com a pressão da torcida e dos dirigentes.

Quando é que você começou a torcer pelo Atlético?
O sentimento você não sabe qual é a origem, do que nasce. Apenas vem à tona e isso foi quando vim de Guarapuava em 67. Não me lembro à razão pela qual me aproximei do Atlético. Talvez por influência do meu pai que era flamenguista e no interior estimulavam muito mais a torcida por grandes clubes. A verdade é que já em 68, na decisão com o Coritiba, quando fui com um primo meu, na Vila Capanema, e quando o Coritiba empatou e ganhou o título nós viemos em silêncio lá da Vila Capanema até na Júlia da Costa, na Princesa Izabel. A partir dali eu realmente uma relação muito forte com o Atlético, que se acentuou no título de 70, quando já trabalhava em rádio e cobria para rádio Guairacá e para Tribuna do Paraná.

Apesar de ser atleticano declarado, o senhor cobriu por muitos anos o Coritiba profissionalmente. Como é que foi essa relação dentro do Coritiba sendo apaixonado pelo Atlético?
É que eles não sabiam que eu era atleticano. Esse foi o detalhe. Eu fazia cobertura do Coritiba e teve um Atletiba em que o centroavante do Atlético era um rapaz de nome Paulo Roberto, que fazia dupla com o Sicupira. Ele chutou a bola e entrou por fora do gol, pela rede do lado de fora. E o bandeirinha deu o gol. Aí ficou aquela confusão e quando confirmou o gol eu pulei e um fotógrafo da Tribuna flagrou e foi a foto da Tribuna na ocasião. Aí o Coritiba tinha um lateral de nome Hermes, que era muito meu amigo, e recortou aquela capa da Tribuna e colocou na entrada do vestiário. No dia seguinte os jogadores foram brincar comigo, gozar de mim e tal e não deu mais pra esconder. E qualquer coisa que divulgava, mesmo sendo verdade, já diziam que fazia isso porque era atleticano. Isso foi uns três, quatro anos, mas eu tinha uma convivência boa.

Quais foram os momentos de maior sofrimento pessoal e pela fase do time?
Pela fase do time, não tive muito sofrimento pessoal porque passou a ser uma coisa normal diante da vida do Atlético. É verdade. Por exemplo, o título de 1972. O Atlético tinha um time excepcional, fez uma campanha maravilhosa, não podia perder. Tanto que até hoje é um time que sei de cor. Não ganhou nada, mas sei de cor, que era o Picasso, Cláudio Deodato, Di Alfredo e Júlio, no meio-campo era o Sérgio Lopes, Valtinho e Sicupira e no ataque era o Buião, o Ademir Rodrigues, que fraturou a perna em Ponta Grossa, o Kelé e o Nilson Borges. E aquele título foi uma injustiça o Atlético ter perdido para o Coritiba.

E qual foi sua maior alegria?
Maior alegria no Atlético é quando as coisas estão perdidas e você ganha, a alegria é maior, porque você não tem esperança na vitória. Foi em 90, o título de 90. Primeiro na quarta-feira quando o Atlético ia perdendo de 1 a 0 e o Gilberto fez um sinal pro Dirceu e ele foi lá e empatou o jogo. Veio o segundo jogo, aquela linha de passes no gol do Berg. Pra mim aquele foi o grande título estadual do Atlético. Pela surpresa, ninguém esperava.

Hoje você é conhecido como um dos maiores críticos da administração do Atlético. Como é ser atleticano e trabalhar nesse ambiente?
Vocês me deram uma chance muito boa, porque não adianta escrever na minha coluna, pois ali dou a minha opinião isolada como crítico, agora com vocês, dentro de uma entrevista, isso me permite ganhar mais autoridade, mais autenticidade. Muita gente pensa que sou contra o Mário Celso e ele acha que tudo o que faço é de propósito por uma questão pessoal. O Mário nunca fez nada contra mim, não tenho nada pessoal contra ele. O que não concordo com o Mário é a ingratidão que ele trata da história das pessoas dentro do Atlético, como se a história fosse possível apagar. Isso que magoa e me levou a ver o Mário como um dirigente qualquer, apesar de ser excepcional. Por que ingratidão? Porque ele sabe mais do que ninguém que ele sozinho, sem o apoio do primeiro conselho gestor que o Atlético teve, não vou dizer nomes para não ser injusto, mas de todo aquele conselho gestor, era impossível de se administrar o Atlético, sob todos os pontos de vistas, sob o ponto de vista patrimonial, técnico, jurídico, financeiro.

 

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