Lolô Cornelsen

O arquiteto curitibano que já construiu mais de 10 estádios de futebol pelo mundo, tem uma única bronca com a direção rubro-negra: não foi convidado para integrar a comissão que construiu a Arena da Baixada.

Ayrton Cornelsen, ou simplesmente Lolô, foi jogador do Atlético na década de 40. Em 1945m na final contra o Coritiba, foi eleito o melhor jogador em campo.

Lolô foi, indiretamente, um dos responsáveis pela construção do CT do Caju e o "desenhista" do CAP estilizado no nosso escudo. Saiba um pouco mais do dia em que ele teve de jogar com o braço quebrado e mesmo assim honrou a camisa do Atlético Paranaense.

Como o senhor foi torcer e jogar pelo o Atlético, já que a família Cornelsen é típica coxa-branca?
Na minha infância eu era coxa-branca, toda a família era. Depois que comecei a freqüentar a escola-universidade, vi que estava errado, tinha que ir para outro clube. Sempre respeitei o Coritiba por causa do meu pai e da família, mas não era meu ambiente.

Em qual categoria o senhor chegou no Atlético?
Amador. Eles chamavam de aspirante, sub-18, mas eu já era um cavalão. Antigamente eram menos jogos. Era turno e returno. Não tinha clubes do interior. Só tinha da capital. Era o Palestra, o Britânia, Savóia, Água Verde, o Atlético, o Coritiba. Era tudo amador, não tinha o porquê de treinar. Inclusive depois que nós terminamos em 45, eu estava no último ano da escola, estava namorando, sabe que futebol era tido como cafajeste, a minha família era tradicional...

E como foi esse campeonato de 1945 em que o Atlético deu a volta olímpica em cima dos coxas?
No primeiro jogo da final tomei uma garrafada no braço de um coxa-branca e acabei quebrando um osso. Eu continuei jogando, com braço quebrado e uma dor desgraçada. Mesmo assim nós empatamos a partida. Já no segundo jogo, eu continuei com o braço quebrado não queria falar para os médicos que estava doendo muito. O farmacêutico (Pushineker), engessou e me deu uma injeção para jogar e joguei até o fim. Eu não podia, porque se levasse uma bolada, matava. Mas no final, fui o melhor em campo.

Do que o senhor tem mais saudades do Atlético?
Eu não tenho nenhuma saudade. Eu tenho mágoa do Atlético. Porque ninguém entende mais de estádio do que eu, construí vários no mundo todo e não fui convidado para fazer o projeto da Arena. Também fui diretor do Atlético e consegui aquele terreno na Rua Pasteur por uma lei do Newton Sandro da Silva, que era um vereador bem analfabeto que me admirava por causa do esporte. Fiz um projeto de lei para ele doar aquela área por não ter mais uso, aquela que entra pela Pasteur e sai no fundo do colégio. Ali coloquei o Alberto, irmão do Caju, numa casinha para cuidar do lugar.

O senhor faria alguma modificação na Arena da Baixada? Dava para fazer uma coisa bem melhor do que está?
E como dava, apesar de estar muito bom assim. Mas a mágoa minha é de não ter participado, nem ter dado conselho para ver como é que seria feito, qual é o melhor. Porque pegar fotografia e “vamos fazer” não tem nada a ver com nossa personalidade. O ambiente lá é um e aqui é outro. Não quero botar defeito nenhum porque eu me sinto orgulhoso em torcer para o Atlético.

Como é que o PAVOC foi parar nas mãos do Atlético, sendo que o seu irmão, Aryon, tinha oferecido o terreno para o Evangelino?
Os coxas menosprezaram o PAVOC. Aquela área que hoje é o Batalhão da Polícia Florestal era da minha família. O Aryon tentou fazer uma negociação com o o Coritiba, mas eles nem quiseram saber. Eu entrei no rolo, conversei com todos os Cornelsen e falei que era melhor negociar com o Atlético. E foi isso que aconteceu: o Atlético adquiriu a área, fez uma transação com o Governo Estadual e com o dinheiro construiu o CT do Caju.

Um dos maiores feitos pelo Atlético foi a estilização do símbolo do CAP. De onde surgiu a inspiração?
O distintivo do Atlético era só um CAP, parecido com o Flamengo. Daí eu mesmo pintei nas camisas o CAP estilizado, isso em 44. Aí melhoraram, mas botaram-no dentro do círculo. A origem vem do P do Palestra Itália.

 

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