Laio

Numa casa no centro de Matinhos o ex-goleiro do Atlético Paranaense recebeu a nossa equipe. Com 85 anos, Laio relembrou momentos marcantes na carreira que iniciou na década de 30, no Britânia.

Conhecido como "A Fortaleza Voadora" em 1949, o ex-craque afirmou que já era torcedor do Atlético desde menino, quando pulava a cerca que separava o Estádio Joaquim Américo, do rio que ainda passa na região da Baixada.

Acompanhando o clube só através da televisão, Laio critica o atual futebol e diz que antigamente os jogos eram mais abertos e bonitos de se ver.

Como foi que o senhor começou a jogar no Atlético?
Eu comecei a minha carreira do Britânia. Fiquei pouco tempo lá e passei a jogar no Savóia. Em 1941 eu me transferi para o Atlético onde joguei até encerrar a carreira, dez anos depois.

O Laio, em 1949, era conhecido como a Fortaleza Voadora. Era fácil jogar no time que deu apelido de Furacão ao Atlético?
Aquele time marcou nome na história do futebol paranaense. Era um time muito forte e unido. O Jackson, Cireno, Valdomiro Galalau faziam a diferença. A gente passava por cima de qualquer adversário. Os jogos na Baixada ficavam lotados. Era uma alegria.

Já havia muita rivalidade com o Coritiba? Algo parecido com o que é hoje?
Sim. A semana toda o papo era sobre o Atletiba de domingo. A cidade parava para comentar quem iria se sair melhor. Tempo bom aquele! Jogar no Atlético era uma alegria muito grande.

Hoje o senhor ainda acompanha o Atlético nos estádios?
Só vejo pela televisão. Não vou mais aos estádios porque o futebol de antigamente era uma maravilha de se assistir. Hoje em dia mudou tudo. Não existe mais aquele romantismo. Atualmente o jogador deixa o adversário passar para deixar o pé, fazer falta por trás. Antes não tinha nada disso... era um futebol aberto, bonito de se jogar e de se assistir. Mas tudo termina...

Apesar disso o senhor chegou a comparecer na inauguração da Arena, não é?
Fui sim. A diretoria me convidou e eu fiquei num camarote. Só que depois eu não voltei mais. Não dá para ficar na arquibancada porque senão passam por cima de mim. Talvez nas cadeiras desse, mas seria muita mão de obra porque eu ando devagar, já que tenho artrose.  

Que recordações o senhor guarda da sua infância ao lado da Baixada?
Quando eu era guri, entrava de “ratão” nos jogos do Atlético. Não pagava nada! Pulava uma cerca que separava do rio que tem ali na região e via tudo. (risos) Eu morava perto e fui criado na região. Tenho muitas saudades daquela época.

Como o senhor se via como goleiro? Quais eram suas características?
Dona Iolanda, esposa de Laio, interrompe a entrevista e faz a seguinte colocação: “O Laio era muito danado. Não dava sossego. Nas viagens de ônibus ninguém dormia porque ele não deixava. Mas os jogadores gostavam, costumavam dizer que sem o ‘nego para festar não tinha graça'. Ele era impossível”. (risos)

Eu era um jogador calmo, mas quando tinha uma disputa mais quente dentro da área eu saía socando o adversário. Se ele viesse pra cima de mim, numa bola alta, eu tirava a bola, mas socava de baixo pra cima e dava na orelha do cara.
 

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