Jackson

Jackson Nascimento. O meia-esquerda, nascido em Paranaguá, criado em Antonina, pegou o trem, subiu a serra e veio encontrar a paixão da sua vida na Capital. E a paixão veste vermelho e preto.

Num clima de muita saudade Jacskon conversou com os produtores do Especial 80 Anos do Atlético Paranaense.

Ele reafirmou que Cireno foi o grande parceiro no mundo da bola, contou porque quase teve que desistir de jogar futebol e algumas curiosidades do Furacão de 49.

Como é que o senhor chegou ao Atlético Paranaense?
Eu tinha 14 anos. Foi com o diretor do internato, Aníbal Borges Carneiro, que era um grande atleticano, permitia que a gente jogasse lá. Eu disputei o campeonato de médios pelo Atlético, isso em 1936. Depois fui cursar a universidade, entrei na faculdade de engenharia, cursei dois anos, mas por causa de uma doença fiquei dois anos sem poder jogar e estudar. Foi um período difícil. Depois que melhorei, fui para faculdade de Direito, porque era um curso mais suave. Então retornei para o Atlético em 42.

O senhor começou como meia-direita e depois passou para meia-esquerda?
Depois que passei para o profissional junto com o Cireno, que era ponta-esquerda do aspirante, e depois que esse time do Atlético de 43 se desfez, nós passamos para o time titular. Nós fomos tricampeões da Liga dos aspirantes. Éramos imbatíveis. Em 44 entrei no lugar do Lupércio, como meia-direita. Depois com a vinda do Cireno, assumi a ala-esquerda. Eu não era um jogador de meio-campo que ajudasse muito a defesa. Como tínhamos o Rui, que era um jogador que ajudava mais, eu, como era mais um atacante, quase um centroavante, passei pro lado esquerdo e tínhamos uma formação de dois atacantes, quatro meio-campos, quatro zagueiros e o goleiro. Eu jogava tanto pelo lado esquerdo como o direito. O Cireno recuava um pouco mais e o Moacir também. Uma formação do Motorzinho colocava cada um no lugar em que se aproveitava mais. Em 45 fomos campeões e você vê que não foi de um dia para outro o Furacão. O nosso time era muito bom desde 45.

Como foi fazer dupla com o Cireno?
O Cireno era excepcional. Ele não era provocador, mas não aceitava provocação. Todo mundo dizia que ele era briguento, provocador, mas não é nada disso. Ele não gostava de provocação porque sabia que não tinha limites para reagir.

Teve um episódio do Atletiba em que ele tirou o gorro do goleiro. Ele nos contou que foi predestinado a fazer isso.
Ele falou para tirar o gorro do Belo. Eu disse que não iria fazer isso. Nós fizemos o gol de empate e ele foi buscar a bola no fundo da rede e veio com o gorrinho do goleiro. Foi um espetáculo circense. O Belo correndo atrás dele e o Cireno, muito esperto, correu em direção ao juiz e parou perto dele. O Belo não se conteve e agrediu o Cireno. O juiz nem viu que ele estava com gorro porque ele tinha jogado no chão e o juiz expulsou o Belo e o Coritiba não se conformou. O time saiu de campo e como não voltaram, o juiz encerrou a partida com vitória para nós.

Qual era a diferença do Atlético de 48 pro de 49? Foi a presença do Neno no ataque?
Foi. Nós não podíamos mais contar com o Lilo, que estava deixando o futebol, que estava formado em medicina. Jogamos com o Guará um tempo, que tinha jogado no Palestra e era goleador, o que não tem explicação, pois ele não era bom jogador. O Neno já era bom. No começo ele não era muito bom, mas depois que ele foi jogar em São Paulo, no Palmeiras, voltou bem, mas aprendeu a jogar futebol mesmo quando ele voltou pro Atlético (risos). Era um goleador terrível, forte, mas ele era muito impetuoso e esquecia a beleza do futebol. Para ele, marcar gol era o suficiente. O craque faz questão de não ser grosseiro na feitura do gol, se ele pode fazer gol mais bonito ele faz.

Como é o seu relacionamento com o Atlético de hoje?
Eu amo o clube. Sou apaixonado pelo Atlético. Tem duas coisas que eu não admito: que mexam com a minha honra e falem mal do rubro-negro.

 

Untitled Document

Fale conosco - Contribua - Créditos