João Augusto Fleury da Rocha

Há exatamente 34 anos, João Augusto Fleury da Rocha tornava-se sócio do Atlético Paranaense. Vindo do interior do Paraná, Fleury optou por torcer para o rubro-negro pela simpatia e por influência de amigos: "Naquela época, por influência de amigos que eu convivia, eu fui induzido a acreditar que o Atlético, naquele momento era o clube de futebol mais interessante. No momento em que me identifiquei com o Atlético, imediatamente assinei uma ficha de adesão do quadro associativo do clube."

Hoje Fleury é o Presidente do Conselho Gestor do rubro-negro e está há mais de quinze anos integrando algum cargo importante dentro da direção atleticana

Como é que foi a sensação de ser sócio em 70, assinar ganhando título, e ser campeão novamente só em 82?
Posso dizer pra você que essa experiência foi das mais terríveis para aquele que procura se identificar com as cores. Primeiro: eu era atleticano novo, tinha um ano de Atlético e só sabia ser campeão.

Não pensou em mudar de time?
Não, porque aí entra a segunda particularidade: o atleticano, acima de tudo, amava seu clube. Não se importava se aquela camisa ia ser campeã ou não. Não éramos torcedores de título. Éramos torcedores do Atlético. O Atlético está acima de qualquer título e de situação de conquista. Nós, dentro daquela inspiração, nos satisfazíamos com simples vitórias, às vezes contra os rivais daqui da capital. A força política do Atlético não era menor do que nosso amor pelo clube. Aqueles atleticanos que me pegaram, eram torcedores que tinham um profundo amor pela camisa e esse amor infelizmente não era associado a um espírito empreendedor. E assim foi que o Atlético passou 12 anos sem ganhar títulos. Foi uma frustração horrível. Sempre digo que afinidade de um torcedor com seu clube se faz na derrota e não na vitória. A vitória é muito fácil, mas é só forjada na derrota, no sentimento de frustração desses 12 anos, até que conquistamos o titulo de 82.

E como é que o torcedor João Augusto Fleury da Rocha virou dirigente do Atlético?
Foi uma conseqüência natural da minha postura. Acho que na medida em que acreditam nos seus princípios, encontram algo, uma instituição que o identifique com esses princípios, ele passa a ser responsável por isso. Nós levamos aquela marca, nós prezamos aquilo e queremos sempre o melhor para ela. Na medida em que me tornei sócio do Atlético, passei a ser um eleitor, a votar. Sou sócio há 34 anos interruptamente, nunca deixei de pagar uma contribuição mensal. E nessa minha convivência com as pessoas, passei a me aproximar de diretor, que eram pessoas da minha faixa etária e me tornei conselheiro. Como conselheiro, fui naturalmente convidado a ser diretor do departamento jurídico, num tempo de amadorismo.

Qual foi o grande jogador que você viu jogar no Atlético?
Vi grandes jogadores e vi grandes torcedores. O Alfredo foi, sem dúvida nenhuma, o maior jogador que já vi jogar. Mas o maior atacante do Atlético, uns dizem que foi o Zé Roberto e outros dizem que foi o Jackson, para mim foi o Nilson Borges. Ele nasceu na hora errada. Se tivesse nascido hoje, seria um dos grandes jogadores do mundo, que poderia jogar no elenco do Real Madrid. O Sicupira também foi um grande jogador.

Uma parte desses jogadores atuou em 72, ano em que o Atlético teve um grande time, mas não levou o título...
Porque nós vítimas de manobras políticas nos bastidores pelo Coritiba. Nós tínhamos o melhor time que, na minha opinião, foi o grande time da década de 70, e esse time foi o melhor da história do Atlético. Praticavam um futebol de encher os olhos. Por ingerências políticas nós não fomos para o Brasileiro. E o time inteiro do Atlético, com exceção de dois jogadores que ficaram aqui, todos os outros saíram...

Por 34 anos, você foi torcedor. Agora é presidente. O que mudou em sua vida?
Mudou muito. Como torcedor, eu não tinha envolvimento que tenho hoje com o clube. Mas hoje, tenho consciência de que dentro de mim há o torcedor e que sou apenas dirigente. Eu nunca deixarei de ser aquele torcedor que acredita.

 

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