Ademir Adur
Num dos momentos mais difíceis destes 80 anos do Atlético Paranaense, Ademir Adur estava no comando. Ele assumiu a presidência em 1997, ano em que Mário Celso Petraglia se viu envolvido no polêmico grampo da CBF.
Adur era o braço direito do atual presidente do Conselho Deliberativo e também entrou na história do rubro-negro em 1995, assim como toda a comissão gestora que reergueu o nosso clube.
O nosso entrevistado saiu do Atlético em 2002 após o fim de seu mandato mas tem o seu nome guardado para sempre na lembrança dos atleticanos pelo grande apoio prestado a entidade.
Como você passou de torcedor a dirigente?
Eu sempre gostei de futebol e chegou um momento em que eu vi o Atlético em dificuldades. Havia tanta gente boa ajudando o Atlético, que se doou pelo time. Eu vou citar como exemplo o Valmor Zimermann, que eu acho que é uma das pessoas que mais se dedicaram ao Atlético. Eu citei o nome dele, mas foram vários. Então, vendo o exemplo dessas pessoas, eu achei que só ficar na arquibancada reclamando não resolve. Acho que você tem de agir. Chegou um momento da minha vida que eu achei que tinha um pouco de contribuição a dar pelo Atlético.
O que você considera que tenha sido sua maior contribuição ao Atlético?
Eu faço questão de dizer uma coisa: ninguém faz nada sozinho. Apesar dos nossos esforços e de outros dirigentes abnegados anteriores a 1995, eu entendo que ninguém faz nada sozinho. Eu sozinho não dei nada pelo Atlético. Mas entendo que aquele grupo de pessoas que assumiu o Atlético em 1995 devolveu para o Atlético a dignidade. Nós, atleticanos, sofríamos muito, apanhávamos muito. O Atlético estava lutando sempre para não cair para a segunda divisão. Isso era uma coisa que o Atlético não merecia. Então, esse grupo de pessoas devolveu a dignidade para o Atlético. Acho que essa foi a contribuição mais importante.
Qual foi o momento mais difícil que você viveu no Atlético? O mais difícil foi no ano de 1997, quando houve aquela arbitrariedade do STJD e o Atlético foi alijado de disputar a primeira divisão. Acho que aquele foi um dos últimos atos da ditadura do futebol. Graças a Deus nós não passaremos mais por aqueles momentos de dor. Naquele momento todo, o grupo todo sentiu desespero. Nós tínhamos tudo planejado para o Atlético, inclusive a construção da Baixada. Nós derrubamos a Baixada e queimamos a ponte. Ou seja, não tinha mais volta. Eu lembro até hoje que nós fomos confirmados na primeira divisão de 1997 apenas a dez dias do início da competição. Nós tínhamos feito algumas contratações boas, mas acabamos perdendo esses jogadores em função desse episódio. Então nós entramos no Campeonato Brasileiro sem planejamento, com um time armado às pressas. Foi um momento de desespero mesmo.
Qual foi a maior alegria que o Atlético lhe deu? O principal foi a dignidade, que nós resgatamos. Mas é lógico que não posso esquecer dos títulos, pois acima de tudo eu sou um torcedor. Então acho que o momento de maior alegria foi quando nosso grupo conseguiu comemorar o título de campeão brasileiro. E campeão legítimo, com artilheiro, com saldo de gols extremamente positivo, revelação de jogadores etc. Nós ganhamos um campeonato com tudo o que tínhamos direito. Demos uma demonstração de que se o futebol for feito com seriedade, dedicação e planejamento, o resultado é igual ao de uma empresa. Então, como torcedor, minha maior alegria foi esse título, por eu ter podido comemorar com os meus filhos, com a minha família e principalmente com todos os companheiros que estavam conosco no Atlético ao longo de todos esses anos.
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