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Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
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Casa da mãe Joana
23/05/2005
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Quem vinha de fora jogar contra o Atlético na Arena, já vinha com medo. Medo da pressão, da postura que normalmente o Atlético assume em casa, do time que entra em campo já com cara de vitorioso. O fator Baixada. O time visitante começava o jogo com extrema cautela, não se arriscava, ficava rezando para suportar os noventa minutos e descolar um empate, e, se a boa sorte trouxesse dos céus, uma vitória.
Perdemos o fator Baixada. É com profunda tristeza que digo isso. Precisaremos de um bom tempo, uma seqüência longa de vitórias em casa para que os adversários venham a Curitiba já se sentindo derrotados. Agora, quem vier visitar a nossa casa, chegará abrindo a geladeira, deitando na nossa poltrona, usando nosso chinelo. Chegará de cabeça erguida, olhando nos olhos, confiante na vitória que deixaremos acontecer. O Atlético foi abrindo exceções, abrindo exceções, até que a exceção começou a virar regra. A Arena da Baixada é, até que voltemos a provar em contrário, um lugar que não coloca mais medo em ninguém. Daqui a pouco, até um Brasiliense vai chegar pra jogar de peitinho estufado.
Mesmo com a vibração da torcida organizada, que surrou o bumbo como quem bate no pior inimigo, o Internacional venceu. Chegou de manso, cauteloso e, com a atuação abaixo da crÃtica do nosso time, foi ganhando confiança já na metade do primeiro tempo e logo já dava ordens no dono da casa. O próximo time que vier até a rua Buenos Aires, n° 1370, virá pensando apenas no resultado de vitória, o empate será um mau resultado. Coisa que pouco tempo atrás seria um devaneio. O Atlético precisa acabar com a folga da visita, precisa tratá-la como intrusa, não como convidada de honra. E para isso, precisará de um time que não seja essa mãe hospitaleira.
É hora de buscar quem falta para esse time. Buscar gente que chegue para botar ordem na casa. Precisamos de técnico já e reforços de qualidade já. Jogadores que já venham com o respeito ganho. Um treinador que só de ficar parado ali na área técnica já dê moral, como um tótem em homenagem aos deuses da vitória. Gosto do Borba, mas ele está em outra, já disse que não quer continuar no cargo, que não tem mais energia para essa desgastante tarefa. E, esperar o Geninho acabar contrato, poderá ser desastroso. Mas que o Geninho tem a cara do tótem, tem.
O barulho da torcida aumentou, a bateria fez sua parte, ditando ritmo e suprimindo as vaias dos cornetas. A organizada animou o triste espetáculo até o fim, mostrando que está disposta a fazer a parte que lhe cabe, que é incentivar o time e torcer pela instituição Atlético. Foi bastante solidária, porque na dificuldade o que mais precisamos é de solidariedade. Mas, agora, em contrapartida, a diretoria precisa fazer a sua parte e acabar com a moleza que os adversários andam encontrando por aqui. Andam falando no Kelly e no Adriano. Melhor, como disse o Augusto Mafuz em sua coluna de hoje, seria a vinda dos dois. É gente assim que iria colocar os pingos nos "is", que não deixaria a visita avançar pela casa além da sala de estar.
Só sei que uma das coisas mais valiosas que temos está desfigurada. Não podia chegar a esse ponto, mas chegou. Vemos que os erros de contratação foram erros crassos, mas que não foram os reais motivos do desejo de destituição de diretores do clube. A campanha anti-Petraglia tinha outros motivos, mais sombrios, motivados por interesses polÃticos e não causados pelos erros na montagem do time. Tanto que a torcida Os Fanáticos está feliz agora com a bateria. Não podemos dizer o mesmo dos opositores de Mário Celso Petraglia, que agora vão continuar sem o apoio da organizada na tentativa de bagunçar o ambiente do clube. Agora, eu posso prever um outro movimento dessa natureza: se não consertarem logo as coisas e o Atlético caminhar para uma segunda divisão, esse movimento terá força para alcançar o seu objetivo. Acho pouco provável o descenso, tem time pior e há tempo para arrumar. Mas já está mais do que na hora de voltar a tratar mal as visitas. Mostrar que a Arena não é a casa da mãe Joana. Vencer em casa é o primeiro passo para se ter tranqüilidade, dentro e fora de campo.
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