Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Variantes e variáveis

05/02/2009


A torcida atleticana mais uma vez fez a diferença e dentro de casa mais três pontos contra o JotaMalucelli. Aliás, um parênteses aqui: o clube sempre foi um negócio na acepção da palavra mesmo e já mudou de Malutrom para este atual nome com vistas aos demais negócios da empresa familiar. Agora, mudar o nome para Corinthians Paranaense, ter a bandeira do Estado de São Paulo no escudo, é se sujeitar demais! No mínimo há um confronto ético pelo presidente do clube ser também presidente da FUTPAR, associação que visa dentre outras coisas, fortalecer o futebol paranaense. Mas quem disse que no mundo do futebol e especialmente no dos negócios existe ética?

O time apresentou os mesmos problemas de sempre. Não custa lembrar que a base mantida foi a que nos fez sofrer durante 2008, ficando em 13º num campeonato de 19 times (Ipatinga era tão café com leite que foi o único time capaz de perder as duas partidas para o Atlético). Ou seja, esses atletas não aprenderam a jogar bola durante as férias e na pré temporada, o time é muito limitado e qualquer bom esquema com disciplina e marcação acaba com o Atlético.

Urge ainda Geninho fazer as modificações que se fazem necessárias. Alberto, meu grande ídolo Alberto, o maior lateral direito que vi jogar (já que to véinho mas não sou da época do Djalma Santos) não é sombra do habilidoso e raçudo lateral que num Atletiba no Couto dominou uma bola na nuca em frente aos rosados torcedores rivais levando a nação atleticana ao delírio. Alberto virou uma bela foto no pôster de times mágicos que tivemos, mas não dá mais pra ele, infelizmente.

Outro que precisa decidir o que quer da vida é Julio dos Santos. Jogador inteligente e de rara visão de jogo, parece ter preguiça no corpo, passa 70% do tempo em campo trotando, coloca a pelota onde quer, mas ela tem que chegar até ele. Num mundo em que se exige 1º grau completo para labutar em qualquer coisa simples, onde ao menos uma língua fluente o sujeito precisa falar além da máter, num mercado competitivo onde uma pós hoje em dia é quase básica, o jogador também deve se esforçar e se dedicar mais em seus pontos fracos.

Julio dos Santos é cobrado porque sabemos que dele pode vir coisa boa. Um sujeito que tem Copa do Mundo na bagagem e que já tomou Gatorade do lado de Oliver Kahn, Ballack e Makaay sabe das coisas, mas precisa mostrar mais empenho, mais dedicação. Não precisa dar carrinho no refletor pra mostrar essa vontade, mas se apresentar mais pro jogo, chamar pra si a responsabilidade em momentos delicados como no gol do Jotinha ontem se faz necessário. É o mínimo que o torcedor atleticano exige em campo.

DISCUSSÂO

Em Porto Alegre a violência entre as torcidas é galopante. E lá também não se vende cerveja. No último Atletiba o saldo foi dramático, várias estações tubo e terminais apedrejados, brigas, rojões e prisões nos mais diversos pontos da cidade. E sem a cerveja pelos míseros 90 minutos que duram um jogo de futebol.

Ontem mesmo na Baixada, jogo muito cedo, 19h30, o pessoal chega e quer beber uma antes de entrar no estádio: bares, mais especificamente o Prajá das queridas Rosa e Rejane fechado quase uma hora antes de começar a partida.

Digo, disse e repito: quando me provarem por A + B que é a venda de cerveja durante os jogos que causa problemas de violência eu me empenho pessoalmente em fazer campanha de prevenção e faço trabalho voluntário de conscientização do torcedor. Mas enquanto o Ministério Público e a CBF continuarem a fazer o que não lhes é de direito que é legislar, estarei criticando veementemente.

Pela volta do sagrado direito de ver o jogo sorvendo tranquilamente sua cervejinha.

DISCUSSÂO II

Uma bala arremessada por um torcedor atleticano no jogador paranista ano passado rendeu matérias por quase 10 dias na mídia local. Só se falava disso. O mesmo problema com uma garrafa d´água deixada por algum atleta do banco de reservas ao lado do campo. Polêmica.

Exceção de matéria no Jornal do Estado e aqui na furacao.com, uma mísera linha sobre a nojenta cena de racismo domingo no Atletiba do Couto Pereira, local onde o jogador Carlos Alberto já foi vítima de descriminação racial. Até quando grande parte da imprensa esportiva estará a serviço dos interesses do outro grande clube da capital?

ARREMATE

Já na segunda-feira homenageei um dos maiores nomes da música brasileira e só depois me atentei que naquele dia 02 de fevereiro fez 10 anos que estamos sem o mestre Chico Sciense. Deixo aqui mais um trecho da arte de Francisco de Assis França, de Pernambuco pelo mundo, até a eternidade.

“Segunda é um dia lindo/
Faça chuva ou sol/
Amo o meu domingo”
CRIANÇA DE DOMINGO, Chico Sciense


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