Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Nascer, crescer, viver. Não o quero ver morrer!

20/11/2003


Ídolo é algo difícil de surgir. De tempos em tempos, há os candidatos a craques. Alguns até mesmo tornam-se grandes jogadores, mas lhe faltam o carisma, a estrela, aquele algo a mais para que seja ídolo de uma torcida.

Meu primeiro ídolo no Atlético foi Marolla. Talvez nem tanto por ser um bom goleiro, e mais pelo nome engraçado e pela empatia que tinha com a torcida. Além de ter estrela, pois jogou no Furacão por cinco anos e foi campeão três vezes!

Lembro que no início de 1998, quando Abel treinava o Atlético já no CT, e a equipe do Foz Cataratas veio fazer amistosos contra os juniores e o time B do Atlético, no intuito de levar algum reforço. Acabou deixando o famoso Renato Cleonício por aqui.

Papo vai, papo vem, perguntei ao Abelão quem ele achava melhor: Oséas, Paulo Rink ou o Tuta. Ele me respondeu que os três tinham características bem distintas, Oséas um matador na área, forte, excelente cabeceador; Paulo era extremamente técnico e habilidoso, dono de um potente chute; já Tuta fazia o pivô como poucos e sabia se posicionar na área. Mas me falou de outro jogador.

Apontando para o outro lado do campo, mostrou um jovem magro, alto, sempre sorridente que corria ao redor do campo. Estava treinando com os juniores e Abel afirmava: esse é melhor que os três que você me perguntou. Seu nome: Lucas.

Não acreditei muito, mas paguei para ver. Nascia ali um ídolo e o resto da história, qualquer atleticano já sabe!

Lá também conheci outro jogador, que veio a conquistar como titular, já naquele ano seu primeiro título com a camisa do Furacão. Jovem promessa, franzino, lépido e sempre querendo jogo: Adriano, o Gabiru.

Campeão Paranaense em 1998, 2000, 2001 e 2002, campeão da Taça Paraná em 1999, da Seletiva no mesmo ano (inclusive fazendo gol lá no Mineirão, na final), e Campeão Brasileiro em 2001. Nos últimos anos, só 'perde' para o goleiro Flávio, que foi Campeão Brasileiro da Série B em 1995, então reserva de Ricardo Pinto.

Quem não se encantou com seus dribles, com seus passes, com a maneira como ele, mesmo pequeno, encara os adversários e os leva a loucura? Quem não lembra do gol de cabeça dele contra 'eles' numa das finais de 1998? E a meia lua em Reginaldo Nascimento, ainda no meio campo e a arrancada fulminante, desde o meio campo até a área adversária fazendo gol na 1ª final de 2000?

Momentos mágicos que aos poucos foram se apagando. A primeira vez que percebi algo errado foi na partida frente o Paysandu, a antepenúltima do Brasileiro 2002. Reclamou, forçou o amarelo e depois forçou o vermelho para não enfrentar o Cruzeiro na partida seguinte. Logo ele, que segundo o coordenador Antonio Carlos Gomes, é o mais 'fominha', fica no treino até acabar, participa de qualquer pelada, rachão, sempre querendo vencer!

Essa característica que fez com que ele tivesse tanta moral com a torcida, que mesmo perdendo o pênalti decisivo naquela Libertadores contra o xará mineiro, fosse aplaudido pela massa, aos prantos naquela noite de triste lembrança.

Tive o prazer de ver esse ídolo nascer, se desenvolver e conquistar muitos títulos pelo Atlético. Não quero que tudo isso seja jogado fora. Não quero que esse ídolo da torcida rubro negra morra!

Que Adriano saiba, que o Atlético ainda precisa dele; mas com raça, vontade e garra.


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