Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Falta de respeito

28/07/2003


Há algum tempo já venho comentando que o Atlético já descobriu a trilha para a segunda divisão. Fui criticado por algumas pessoas que alegavam que era preciso ter otimismo e paciência, mas prefiro ser realista e impaciente, mesmo porque paciência tem limite. E eu cheguei no meu limite. Chego a pensar que os erros atingem todos os setores do clube, causados pela insensatez de uma administração sem visão humana e sem adoração por um futebol popular, mas uma administração baseada em moldes políticos, visando lucro, mordomia e crescimento empresarial.

Assim é o Atlético hoje, que não produz e não rende em campo, que não tem mais jeito de Atlético, por mais que nós, atleticanos, não consigamos perder a esperança de ver o furacão dos bons e não tão velhos tempos. Quando vamos ao estádio, não sabemos que tipo de equipe vamos encontrar jogando, não temos conhecimento de esquemas táticos, posicionamentos e pasmem, escalações. Como grandes apreciadores do futebol, vibramos e comemoramos com a bola na rede, isto é o que importa, mas infelizmente isto é o que colocou panos quentes em uma equipe que está cada vez mais perdendo o rumo neste campeonato.

Não vou me dar ao luxo de comentar os jogos e expor os meus comentários sobre porquês sem respostas, até mesmo pelo fato de o torcedor estar cansado de ouvir repetições e histórias "pra boi dormir". Segundo o professor Vadão, o time é sempre esforçado, sempre joga o suficiente para lhe agradar, sempre é dedicado e, para nós, sempre deixa a desejar. Entre cego e teimoso, fico com a visão teimosa de Vadão, que por tabela pede a sua saída, afinal, um treinador que insiste em Fabrício, não deseja reconhecimento e deve estar com algum problema de ordem emocional.

Quanto ao elenco, é fraco, sabemos disso, mas há muitos outros motivos pelos quais o Atlético está longe de ser aquele nosso Atlético. Jogador que tira a camisa dentro de campo, não serve para jogar no Atlético. Jogador que discute com a torcida também não serve. Jogador que faz gol com a mão, em tempos de futebol moderno, também não queremos ver no furacão, quem sabe nas panelinhas do Rexona.

Entre derrotas, fracassos e empates dentro da Arena, o que mais me dói é o desrespeito com o povo atleticano, as "picuinhas" que estão rondando a Baixada, como essas discussões baratas e vergonhosas, e o pior, discussões de dentro para fora do gramado. Lamentável! Este não é o meu Atlético, este não é o nosso rubro-negro.

Muito mais coisas me envergonham, e chegamos ao cúmulo de não termos mais coisas boas para falar do Atlético, ultimamente são só críticas, reclamações e mágoas, muitas mágoas. É triste saber que temos um jogador que está afastado dos gramados, pois está com uma grave lesão no joelho, e assistir este mesmo atleta sambando no Malagueta, a atual casa de shows dos atletas rubro-negros. Lá se encontram personalidades como Lobatón, Alessandro e cia ltda. É muita mediocridade!

A reformulação precisa ser urgente, afinal vamos mesmo acabar a primeira fase entre os oito, mas a tabela da Vadão é virada, de baixo para cima. Este foi o pacto realizado para ludibriar milhares de atleticanos, que como eu, cansaram, simplesmente "cansaram". Diego, a figura mais sensata, determinada e que traduz o espírito do Atlético, declarou após o jogo contra o Guarani que falta vontade ao time do Atlético. É difícil você acreditar em um time que não tem vontade de vencer. Vou de carona com o Diego e complemento: além de vontade, falta vergonha na cara, não só de alguns atletas, mas também de alguns homens lá de cima que estufam o peito e não estão nem aí para os sentimentos do torcedor.


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