Ziquita, o artilheiro dos 4 a 4

por Patricia Bahr

5 de novembro de 1978. Estádio Joaquim Américo. 8.276 pessoas saíram de casa, vestiram-se de vermelho-e-preto e vermelho-e-branco para acompanhar o clássico entre Atlético e Colorado. Uma partida decisiva, que valia a liderança do Grupo F. Para muitos, tratava-se do jogo que iria decidir um dos finalistas do Campeonato Paranaense - apesar de a semifinal ser disputada num quadrangular, com jogos de ida e volta, e esta ser apenas a segunda rodada do 1º turno.

Foi uma partida emocionante, temperada com todos os ingredientes de um grande clássico: goleada parcial do Colorado; a expulsão do zagueiro atleticano Ademir; quatro golaços de Ziquita; a quase virada atleticana no minuto final, com uma bola na trave do novo herói da Baixada; e o pedido de demissão do técnico do Colorado, Avelino Mosquito, ao final da partida.

O Colorado começou melhor e fez 2 a 0 no primeiro tempo. No segundo, marcou mais dois e a goleada parecia consumada: 4 a 0 aos 28 minutos do segundo tempo. O adversário fazia uma partida impecável e o Atlético parecia não ter forças para uma reação.

Com 4 a 0 no placar, muitos torcedores atleticanos já deixavam a Baixada, cabisbaixos, humilhados pela goleada dentro de casa. Foi aí que o improvável começou a acontecer. Aos 30 minutos, o centroavante Ziquita fez um gol, numa bonita cabeçada, sem chances para o goleiro Alexandre. "Pelo menos um de honra", pensaram os atleticanos. Pouco depois, um novo balde de água fria: o zagueiro Ademir agrediu o atacante do Colorado Carlos Alberto e foi expulso.

E quando tudo levava a crer que o jogo não teria outras emoções, Ziquita, aos 34 minutos, dominou a bola de costas e de virada marcou o segundo. Começou uma grande festa na Baixada, que levava o torcedor a acreditar que a humilhação não era tão grande. Aos 36', Ziquita acertou uma cabeçada certeira e marca o terceiro. O Caldeirão começou a ferver, os torcedores voltram correndo das ruas para uma grande festa.

Dentro de campo, a técnica passou a dar lugar à garra, ao empenho e à superação dos jogadores. E, aos 43 minutos, o novo herói da Baixada cravou seu nome na história. Ziquita marcou o quarto gol dele e empatou a partida. No lance, houve pênalti de Levir, mas Ziquita levou vantagem e não teve trabalho para empatar o clássico: 4 a 4.

A partir daí, a torcida atleticana começou a fazer uma festa maravilhosa, comemorando o empate como se fosse um título. Ziquita nunca brilhou tanto em tão pouco tempo. E poderia ter sido melhor, pois aos 44 minutos ele mandou uma bola no travessão.

Após a partida, o técnico Diede Lameiro soltou a frase que explica a superação atleticana: "o Atlético é força porque é do povo". E o time do povo foi o protagonista de uma partida sensacional, disputada com muita garra e amor. Para o Colorado, o empate ficou com gostinho de derrota.

Já para o Atlético, foi um empate com sabor de goleada, de raça, de superação e amor à camisa rubro-negra. Tudo graças a um herói chamado Ziquita, que saiu do Caldeirão nos braços da torcida e como personagem principal de um dos jogos mais emocionantes do futebol paranaense.


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