O gol da vida

por Patricia Bahr

Ele renasceu com a camisa atleticana. Depois de passar 442 dias afastados dos gramados, o jogador Washington deu a volta por cima em08 de fevereiro de 2004, quando pôde estrear no Atlético, nove meses depois de desembarcar no CT do Caju.

O drama do atacante começou em 27 de novembro de 2002, na Turquia, quando o então jogador do Fenerbahçe teve que se submeter a uma angioplastia, operação que dilata os vasos sangüíneos do coração. Em maio de 2003, foi apresentado pelo Atlético como reforço do time para o Campeonato Brasileiro. Porém, dezenove dias depois de chegar a Curitiba, Washington foi reprovado nos exames cardíacos, fato que o impediu de assinar contrato com o clube. Apesar disso, o Atlético disponibilizou toda a estrutura do CT do Caju e o corpo médico para acompanhar a recuperação do centroavante.

Em janeiro de 2004, veio a recompensa: Washington finalmente foi liberado para voltar a jogar. E os deuses do futebol reservaram para ele um retorno triunfante. No clássico contra o Paraná, Washington viu uma Arena lotada gritando, aplaudindo e se emocionando com cada uma de suas jogadas. Até quando errava Washington era reconhecido, por seu esforço, sua vontade, sua determinação. E o tão esperado 'primeiro gol do recomeço' saiu aos 7 minutos do segundo tempo. Contando com a sorte e com a falha conjunta de cinco jogadores, a bola sobrou para ele, que fuzilou a meta adversária.

Era o gol que nem precisava sair para torná-lo no maior astro da tarde. As imagens da comemoração certamente estão entre as mais emocionantes da história da Arena: no centro do gramado, o time inteiro abraçado a Washington e, nas arquibancadas, o torcedor atleticano em pé, aprendendo a aplaudir seu novo herói. Foi o gol de Washington, do Atlético e de todos aqueles que acreditaram em sua recuperação. Mais do que isso, foi o gol da vida.


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