O fantástico Caju

por Monique Silva

Um homem sério fora de campo, assim era Caju. Mas quando a bola rolava, o goleiro era malandro. Os torcedores que acompanharam sua carreira lembram-se dele como um goleiro que sabia tirar partido de qualquer situação. Há muitas histórias engraçadas, que hoje incorporam-se à própria história do futebol paranaense.

Certa vez, num jogo contra o Juventus, Caju não pôde defender uma bola, mas sentiu que o árbitro não tinha muita certeza se a bola realmente tinha entrado ou se batera na rede pelo lado de fora. Esperto, Caju deu a volta por trás do gol, apanhou a bola e colocou-a no lugar da cobrança do tiro de meta. E então, o árbitro confirmou sua "decisão".

Outro episódio interessante ocorreu em 1937, em um jogo contra o Britânia. Caju, novamente, não evitou um gol adversário. Mas dessa vez, não deu tempo de fingir que ela não tinha entrado. Imediatamente e sem vacilar, o goleiro pegou a bola e entregou-a completamente murcha ao árbitro, que anulou o gol. Até hoje há jogadores e torcedores que juram que foi goleiro quem furou a bola.

Mesmo sendo o maior goleiro da história do futebol paranaense, Caju também sofria alguns gols defensáveis, mas sempre com muita classe. Em 1938, num jogo entre as seleções paranaense e catarinense, ele deixou entrar um chute do meio da rua. Mas não deu tempo para ninguém reclamar. Ele logo explicou: "Foi gol sim, e daí? Vão lá e façam dois". E a seleção paranaense ganhou o jogo por 2 a 1.

Mas os companheiros sabiam que Caju era espetacular. Muito bem posicionado, ele não era espalhafatoso e não gostava de fazer muitas poses. Simplesmente esticava a mão e fazia a defesa, com grande naturalidade. Quando ele não ia na bola, ninguém reclamava, pois todos sabiam que goleiro nenhum seria capaz de fazer a defesa.

Em um jogo contra o Britânia, em 1941, Caju deu mostras de como era seu estilo. O zagueiro Bororó, que tinha um chute muito forte, foi cobrar uma falta. Bateu e Caju ficou olhando a bola se chocar com a trave. Quando os atacantes se armaram para tentar o gol, Caju tranqüilamente abraçou a bola. E explicou para seus companheiros: "Estão vendo? Se eu tentasse pegar antes, seria gol".

Por fim, em 1943, não satisfeito em ser campeão pelo time principal do Atlético, Caju sagrou-se também o campeão pelo time amador, como centroavante, chegando a marcar três gols numa única partida.


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