1934 - Fim do jejum

Depois de passar três anos em branco no Campeonato Paranaense, o time do Atlético tornou-se gigante na disputa de 1934, confiante na conquista do título. A estratégia usada pela diretoria foi a de mesclar o time com jovens promessas e veteranos dos gramados. Deu certo. Movidos pela denominação de “Time da Raça”, apelido dado pela imprensa ao clube no ano anterior, os jogadores passaram a sentir a responsabilidade em vestir a camisa atleticana.

Junto com a responsabilidade vieram também as boas apresentações. Nos dez jogos que disputou no Campeonato Paranaense, o Atlético venceu cinco, empatou quatro e perdeu apenas um, marcando quatorze gols e sofrendo dez.

Depois de três anos de jejum, finalmente o Atlético reconquistou o Estado.

A equipe começou a competição com um empate sobre o Britânia, vice-campeão em 33. Na segunda rodada, a vitória por 2 a 0 no clássico Atletiba mostrou que o time estava concentrado na conquista da taça. A única derrota veio na quarta rodada, 3 a 0 para o Palestra. Pouco para abalar a força do rubro-negro.

No segundo turno, a equipe manteve o ritmo. Venceu o Britânia por 1 a 0. No dia 2 de setembro, no clássico Atletiba, um momento histórico na comunicação paranaense: a Baixada se transformou em palco da primeira narração esportiva da cidade, com o jogo sendo transmitido pela Rádio Clube Paranaense (PRB-2). A partida teve a presença ilustre do interventor Manoel Ribas e foi considerada pela imprensa como “o choque das multidões”, com grande número de torcedores presentes no empate por 1 a 1 entre os dois clubes. Na seqüência, o empate por 0 a 0 contra o Palestra colocou o rubro-negro muito próximo da conquista do título. Era tudo uma questão de tempo...

Campeão mesmo sem jogar

No dia 16 de dezembro, o Atlético enfrentou o novato Nacional, pela penúltima rodada da competição. O adversário, que debutava na competição e era formado por policiais, tinha como pretensão adiar o sonho atleticano da conquista de seu quarto título da história.

O Atlético, mais organizado em campo, saiu na frente com um bonito gol de Raul, que chutou no ângulo superior direito do adversário. Minutos depois, Hugo conseguiu vencer Caju, empatando a partida. Mas o Atlético era superior em campo e reassumiu a vantagem no marcador com Mimi, que chutou forte, sem chances para o goleiro Duia: 2 a 1.

No segundo tempo, os nacionalistas, que levavam a fama de time violento, tentaram o empate. Mas as pretensões do adversário terminaram logo nos minutos iniciais, quando Raul marcou o terceiro gol atleticano. 3 a 1. Com esse resultado, o Atlético se solidificou no topo da tabela de classificação.

Com uma boa margem de distância sobre o 2º colocado Britânia, o Atlético nem precisou entrar em campo para garantir a taça. No dia 23 de dezembro, o empate por 1 a 1 entre Ferroviário e Britânia garantiu matematicamente o título de Campeão da Cidade ao rubro-negro. Como destacou a Gazeta do Povo de 24 de dezembro: “Um presente de Papai Noel aos atleticanos...” .

Na comemoração do título, os grêmios “Prata da Casa” e “Ala Esquerda”, duas facções de torcedores do clube, cantaram a “Marcha da Vitória”, que alcançou grande sucesso entre os torcedores.

Restou ainda mais uma partida e o empate por 1 a 1 contra o Ferroviário consolidou a campanha vencedora atleticana.

Final - Paranaense - (16/12/1934) - Atlético 3 x 1 Nacional
L:
Baixada; G: Raul (2), Hugo e Mimi.

ATLÉTICO: Caju; Canoco e Borba; Korman, Falcine e Rosa; Naná, Mimi, Raul, Zinder e Cecatinho.

  NACIONAL: Duia; Jarbas e Nardo; Charuto, Segoa e Tom; Amado, Rubens, Candinho, Zurico e Hugo.

Campanha

10 jogos: 5 vitórias / 4 empates / 1 derrota / 14 GP / 10 GC

1º turno:
08/04 Atlético 2 x 2 Britânia
29/04 Atlético 2 x 0 Coritiba
13/05 Nacional 1 x 2 Atlético
17/06 Palestra Itália 3 x 0 Atlético
01/07 Atlético 2 x 1 Ferroviário

2º turno:
05/08 Britânia 0 x 1 Atlético
02/09 Coritiba 1 x 1 Atlético
30/09 Atlético 0 x 0 Palestra Itália
16/12 Atlético 3 x 1 Nacional
06/01 Ferroviário 1 x 1 Atlético

Personagens

Caju: goleiro menos vazado do campeonato, levando apenas dez gols, este foi o primeiro título de Alfredo Gottardi com a camisa atleticana. Durante toda a competição protagonizou ótimas e belas defesas, intervindo com firmeza na meta atleticana.

Falcine: veterano nos gramados, este foi o quarto título de José Falcine com a camisa atleticana. Antes de sagrar-se campeão de 34, já havia ficado com a taça também em 25, 29 e 30.